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Notícias / Artes Cênicas

Espetáculo questiona a sociedade de consumo em tour que começa nesta quarta

Da Redação - Isabela Mercuri

Os desejos da sociedade de consumo são o tema da peça “Cidade dos Outros”, que circula pelo estado de Mato Grosso a partir desta quarta-feira (25), por meio do Circula MT. Criado pela Cia Pessoal de Teatro, o espetáculo começa as apresentações em Alta Floresta (774km de Cuiabá). Na história, dois personagens passam os dias fazendo planos de como gastariam os ‘milhões’ se ganhassem na loteria.

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Juliana Capitlé e Tatiana Horevicht, as atrizes, já percorreram 774km pelos extremos do estado, passando por quilombos, glebas e aldeias. Além disso, já passou por diversas cidades do país.

“Escolhemos circular por aldeias, glebas, e quilombos para levar o espetáculo para lugares que a gente nunca pode que ir, a lugares que um espetáculo nunca vai. O ‘Cidade dos Outros’ tem essa particularidade de não depender da iluminação cênica do teatro, ele é praticamente portátil, pode ir para qualquer lugar. A gente tinha essa vontade de levá-lo a lugares que necessitam desse aparato cênico, mas que pouco são contemplados com experiência”, revela Juliana.

Passando por esses lugares, as atrizes puderam avaliar a reação do espectador que não vivencia os problemas da urbanidade. “Os dois personagens não são despossuídos, mas estão ali vendo a cidade em volta e querendo coisas. Eles são consumistas. Queremos saber o que pensa este espectador que não vive o consumismo da cidade. Se o espetáculo realmente trata de uma questão contemporânea, ou se trata de indivíduos que moram e vivem a realidade de uma cidade”, questiona.

Depois que o projeto foi aprovado no Circula MT, Juliana comemora poder levar a discussão a ainda mais lugares: “É fantástico que o Circula MT possa oferecer essa oportunidade para um espetáculo, dele poder viajar dentro do próprio estado, porque a gente tem outros circuitos nacionais, mas é importante circular dentro do nosso Estado e fazer com que isso seja um produto mato-grossense. Vejo a realidade mato-grossense, de questões muito nossas”, garante.

Dirigido por Amauri Tangará, o espetáculo surgiu de uma pesquisa que teve como tema a inapetência para a ação; a circularidade da vida e eterna espera pelo “maná divino”. De inspiração beckttiniana, o espetáculo revela que o ritmo da vida dos personagens é marcado pela emoção da espera, que é ironicamente, a ação da peça.

De acordo com a assessoria, o espetáculo ainda será encenado na comunidade quilombola de Vão Grande, em Barra do Bugres; Campus Universitário do Araguaia, em Barra do Garças e por fim, na aldeia Wederá, na terra xavante Pimentel Barbosa. Isso sim é descentralização do acesso à cultura: contemplar plateias que tem acesso restrito às produções artísticas.

Serviço

A cidade dos outros
Sede do Teatro Experimental de Alta Floresta – TEAF
Quarta (25), 20h
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