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Há 14 anos criando borboletas, poconeana conta que bicho fez parte de sua história

Da Redação - Vinicius Mendes

A poconeana Leonite Mendes dos Santos, presidente da Associação dos Criadores de Borboleta de Poconé, trabalha há 14 anos na criação das “encantadoras de pessoas”. A lenda pantaneira das “encantadoras de pessoas” é utilizada pelo Sesc Pantanal para ilustrar o trabalho das 25 famílias que participam do projeto de criação dos insetos. Leonite acredita que não foi por acaso que começou a trabalhar com borboletas, já que desde criança o bicho faz parte de sua vida.

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“Eu já gostava de borboletas antes. Minha mãe falava que quando eu era criança vivia correndo atrás das borboletas. Quando eu fiquei adulta eu trabalhei com jogo do bicho, aí o pessoal falava ‘quando sonho com você baixinha, dá borboleta’. Aí depois eu saí disso e já vim direto para criar borboletas, então tem um significado, era pra ser, nada é por acaso”, disse Leonite.

Entre os mais antigos moradores do Pantanal circulam histórias de seres lendários. São as Encantadoras de Pessoas. Elas coloriam o céu com infinitas cores. Quem vê, fica paralisado, petrificado diante de tanta beleza. Esta lenda é utilizada pelo Sesc para ilustrar o trabalho das famílias de Poconé que atuam no projeto de criação de borboletas.

Leonite participa do projeto desde seu início. Com tanto anos de experiência ela já aprendeu todos os processos de metamorfose do inseto.

“Dentro do borboletário tem as plantas hospedeiras, onde as borboletas vão colocar os ovos. Então estes ovos são coletados de dois em dois dias, são levados para o laboratório e lá faz uma pequena divisão colocando cada um em seu potinho e leva para Poconé. Lá em Poconé tem as famílias, que são 25 mulheres que vão criar estas larvas. Estes ovos dentro de três ou quatro dias eclodem e saiu uma pequena larva e nós vamos alimentando elas com as folhas. Cada família tem um viveiro onde colocam as larvinhas para serem alimentadas. Aí elas vão comendo devagarzinho, vão crescendo e vão passando por uma metamorfose”, explicou.

O inseto troca de pele diversas vezes, crescendo um pouco a cada processo. Quando se transformam em crisálidas elas são levadas de volta ao borboletário do Sesc, até saírem como borboletas.

“Por exemplo, quando ela já está bem forte, que já alimentou, chegou no ponto certo, ela vai procurar um lugar seguro, vai se pendurar de cabeça para baixo e vai rachar o couro, perdendo a cabeça, aí ela se transforma em uma crisálida. De um dia e meio, mais ou menos, ela já está pronta para tirar e trazer para o hotel, e aqui a gente faz o trabalho de estar colando uma a uma na paleta, porque a borboleta tem que nascer com gravidade, porque se ela nasce em uma superfície plana ela vai ficar atrofiada, não vai ter condições de voar”, contou a criadora.

Leonite disse que com o projeto aprendeu a amar a natureza. Ela contou que tem orgulho do que faz e que inspirar nos amigos e familiares o mesmo amor que têm pelas bosboletas.

“É uma coisa muito boa estar envolvida neste projeto porque ensina você a amar a natureza, tem uma importância muito grande. Além da ajuda financeira, tem a ajuda moral e social, por exemplo, eu tive oportunidade de vir em um evento falar sobre isto, e estou feliz. Então nós sempre estamos interagindo com o Sesc e com a sociedade. Meu filhos e netos, vizinhos, amigos, cada pessoa que está ali vai conhecendo o projeto vai começando a amar, porque criar borboleta é amar, é você criar a natureza. Você olha e é a coisa mais linda”, disse.

O projeto foi criado há 14 anos e as famílias da região foram treinadas para produzir cerca de 2.000 borboletas por mês. Cada uma das famílias recebe uma ajuda de custo pelo trabalho.

“O SESC criou o projeto, aí foram escolhidas famílias de baixa renda. O dinheiro que se paga não pode ser um salário, tem que ser abaixo de um salário, porque é uma ajuda de custo, não é um emprego. Então além desta renda as famílias podem trabalhar em um outro local, ganhando seu dinheiro de outra maneira e recebendo ajuda do Sesc. Foi uma parceria muito boa, agradecemos muito. É maravilhoso fazer parte desta história, porque eu me sinto honrada, agradecida. É como uma evolução da gente”.

 
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