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Notícias / Artes visuais

Tatuadora cuiabana cria projeto para cobrir cicatrizes de auto-mutilação e violência doméstica

Da Redação - Isabela Mercuri

Com o intuito de utilizar seu dom para ajudar pessoas com problemas dos quais ela mesma já esteve bem próxima, a ilustradora e tatuadora cuiabana Juliana Fernandez, 25, lançou na última segunda-feira (2) uma campanha que, segundo ela, não tem prazo de validade. ‘Nana’, como é mais conhecida, vai oferecer tatuagens pelo preço simbólico de R$30 para cobrir cicatrizes de auto-mutilação ou de episódios de violência doméstica.

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“Eu conheci tanto a violência doméstica quanto a depressão bem de perto, e eu vi como eu tinha um privilégio muito grande de não ter cicatrizes, e que muitas pessoas, muitos sobreviventes, tanto pessoas que se auto-mutilaram quanto pessoas que sofreram violência doméstica, eram pessoas de quem a sociedade julga muito as cicatrizes”, contou ao Olhar Conceito.

Nana é cuiabana, formada em jornalismo, e começou a tatuar no ano passado, como aprendiz da tatuadora Hiasmyn Lorraynne no extinto Studio ‘Ás de Ouro’. “Quando me formei em jornalismo eu não consegui encontrar emprego na área, sempre que eu tentava falavam que eu não tinha experiência o suficiente, e isso me desanimou bastante. Não estavam contratando recém-formados, e nisso a minha colega, Hiasmyn Lorraynne, estava abrindo um estúdio que não existe mais, o Ás de Ouro. Quando ela me contou eu pedi pra que ela me ensinasse, pra que eu fosse aprendiz dela”, lembra.

O ‘Ás de Ouro’ era um Studio de tatuagens autorais, o que inspirou Juliana, que já ilustrava há algum tempo. “Desde então eu me tornei aprendiz dela. Ela me ensinou muita coisa, e eu fui pegando clientes, e via que ela e outros tatuadores tinham projetos muito interessantes”. Foi a partir daí que surgiu a ideia de usar sua arte para ajudar o próximo. “Eu tinha muita vontade de ter esse projeto, mas eu não tinha habilidade necessária, então eu fui fazendo mais tatuagens, fui melhorando meu trabalho, enquanto estudava sobre tatuagem em cicatrizes. Chegou um tempo que eu comecei a fazer tatuagens em clientes que queriam cobrir cicatrizes e eu gostei muito de ver como o meu trabalho ressignificava algo do corpo deles, do passado deles, e transformava um momento ruim em algo bonito. Foi aí que eu vi que eu tinha realmente que fazer esse projeto, que era a coisa correta a fazer, porque se eu posso ajudar de alguma forma, porque não fazer?”.

Para participar do projeto, Nana explica que basta entrar em contato com ela, caso a pessoa goste de seu trabalho e tenha alguma cicatriz causada por auto-mutilação ou violência doméstica. “Porque eu faço tatuagem autoral, então é um trabalho muito específico. Tem tipos de tatuagens e estilos que eu não faço”. Dentre suas especialidades, estão trabalho de ‘line’ (traços finos limpos) e ‘black work’ (tatuagem em preto e escala de cinza). “Estou começando agora estudos com tatuagem colorida. Ainda não abri para o público nem para o projeto, mas espero começar a trabalhar daqui a um, dois meses”, garante.

Atualmente, Nana trabalha junto com Hiasmyn Lorraynne e a body piercer Paula Patrícia no Studio ‘Extraordinárias’. “É um studio 100% feminino. A dona é a Hiasmyn Lorrayne, somos nós duas de tatuadora, e a gente tem uma body piercer que é mulher, e ela é nossa aprendiz de tatuagem. De seis em seis meses nós pegamos aprendizes pra ensinar a tatuar, e sempre mulheres”, finaliza.

Serviço

Quem se interessar pelo projeto, pode entrar em contato com a tatuadora via direct no INSTAGRAM ou mensagem na FAN PAGE.

Conheça também o Extraordinárias: AQUI e AQUI.
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