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Coração: a busca pela felicidade

Dr. Juliano Slhessarenko

Dona Maria 68 anos última consulta há 06 meses vem ao consultório para avaliação por sintomas de palpitações, alteração da pressão e dor torácica de início recente. Últimos exames cardiológicos sem alteração. Conversamos muito e descobrimos que seu marido faleceu há 30 dias e sua filha está doente. Imagine a situação dela como ela está sofrendo.

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Em 2005, um estudo comparou a relação entre felicidade e efeitos cardíacos. Os cientistas mensuraram esses indicadores nos voluntários e, após três anos, repetiram o mesmo processo. Já de início, eles identificaram que as pessoas felizes tinham uma frequência cardíaca mais baixa que os demais.⠀Também, no período de acompanhamento, perceberam que os participantes mais felizes tinham melhor pressão sanguínea!⠀

Nós cardiologistas observamos no consultório constantemente que pacientes apresentam situações emocionais que provocam sintomas como alteração da pressão, mal estar, palpitações e dores torácicas atípicas. Devemos nestes casos analisar com cuidados estes sintomas e fazer exames complementares para afastar alguma doença como hipertensão e risco de infarto.

Vivemos vários momentos de felicidade e tristezas que são somatizados pelo coração. Sabemos por exemplo que o estresse é fator de risco para hipertensão arterial. Momentos de extrema felicidade podem causar um raro problema cardíaco, conhecida como síndrome de Takotsubo. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico European Heart Journal, o problema pode ser desencadeado por episódios de alegria intensa, como casamentos, nascimentos ou festas surpresa.

A doença é caracterizada por uma fraqueza temporária dos músculos do coração que leva a uma deformação do ventrículo esquerdo e provoca dores no peito, perda de fôlego e, até mesmo, morte.

Um novo estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, analisou dados dos primeiros 1.750 pacientes registrados com a síndrome, em 25 centros colaboradores, de nove países Os resultados mostraram que, destes, 485 pacientes padeceram da síndrome após gatilhos emocionais.

Como esperado, a maioria dos casos (96%) aconteceu após eventos tristes, como a morte de um cônjuge ou filho, preocupação com uma doença e problemas de relacionamento. Mas, para surpresa dos pesquisadores, 4% deles foram desencadeados por episódios de alegria, como aniversários, casamentos, despedida surpresa, nascimentos e até mesmo uma vitória do time do paciente.

Os pesquisadores concluíram também que a síndrome é mais comum em mulheres: 95% de todos os casos da síndrome motivados por “coração partido” (ou coração feliz) foram diagnosticados em mulheres. Já a idade média dos pacientes com o problema é entre 65 e 71 anos.

Buscamos a felicidade intensamente dia após dia e muitas vezes esquecemos da nossa saúde e do nosso coração, que também sofrem principalmente naqueles que por ansiedade não dormem ou não se alimentam de forma saudável.

Mais uma vez o seu cardiologista e uma avaliação regular podem salvar a sua vida.



*Dr. Juliano é cardiologista intervencionista  da Santa Casa de Cuiabá (RQE- 2724) e atende na Clinmed (Coração em dia) Rua Jaques Brunini – Jd. Europa 36343888/999142255; no IOCI – Jardim Italia – 30277000; Doutor em Cardiologia pela USP
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