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Público escolhe acompanhar o espetáculo de dança ‘Espaços Invisíveis’ como ciclistas, pedestres ou em plataforma móvel

Estadão

Você pode ir de bicicleta, pegar uma emprestada lá mesmo, subir em uma plataforma móvel ou seguir caminhando. Cada um escolhe como vai lidar com Espaços Invisíveis, a quinta produção da companhia Damas em Trânsito e os Bucaneiros, que estreia hoje e fica até o dia 18 de agosto no subsolo do Paço das Artes, na Cidade Universitária.

Dirigido por Alex Ratton, o trabalho nasceu de uma exploração espacial dos ritmos urbanos, e as possibilidades de deslocamento que são oferecidas à plateia pretendem evocar a diversidade da locomoção nas cidades. Em entrevista ao Estado, Alex conta que inspiraram-se também no livro de Ítalo Calvino, As Cidades Invisíveis: “Mas não fizemos a sua releitura nem a sua transposição, pois o que nos interessava era buscar uma cidade mais lúdica e menos funcional do que aquela na qual vivemos”.

A criação veio das 15 intervenções artísticas que realizaram nos arredores da Galeria Olido, na Av. São João, em São Paulo, local onde ensaiam. “Aquele entorno é praticamente uma continuação da nossa sala de trabalho, porque nos permite investigar relações com as pessoas que passam.” Alguns momentos dessas performances serão projetados em um telão e em dois pontos do subsolo existirão fones de ouvido contendo relatos sobre essas vivências.

O trabalho começa com cinco solos simultâneos e distribuídos pelo espaço. Cada bailarino escreveu uma carta para alguém querido, depois elas foram trocadas, e a tarefa foi transformar em dança o que imaginava sobre a emoção desse outro. “Neste tipo de trabalho, o bailarino precisa ter muita disponibilidade para o contato com o outro, precisa também de uma qualidade de escuta bem apurada, pois cada um precisa saber ouvir e respeitar o outro, e necessita ter estabelecido alguma forma de relação com a música, pois todos tocam algum instrumento.”
Carolina Callegaro, Ciro Godoy, Clara Gouvêa, Laila Padovan e Larissa Salgado, os cinco intérpretes-criadores, assim como o músico convidado, Gregory Slivar, que compôs a trilha, espalham-se pelo local, buscando maneiras de se relacionar com os três tipos de público (os que circulam a pé, de bicicleta ou nos praticáveis móveis). E todos tocam ao vivo. O elenco cuida de acordeom, bateria, percussão e escaleta, enquanto Gregory fica no piano.

Também bailarino, Alex Ratton, mesmo dentro da cena, não dança nesta montagem. “Trabalhamos com criação coletiva, com tudo muito discutido e conversado, e sinto que é importante meu olhar de fora para mantermos nossa coerência. Aos poucos, fui descobrindo esse lado meu de dirigir, e com ele me realizo muito durante nosso processo de criação”, explica.

Damas em Trânsito e os Bucaneiros surgiu em 2006, no Estúdio Nova Dança, no Bexiga, em São Paulo, reunindo quatro meninas (as damas) e Alex Ratton em torno do interesse comum em explorar a técnica do contato-improvisação e a possibilidade de construir uma dramaturgia a partir dela. Em seguida, chegaram dois rapazes (os bucaneiros). O grupo produziu Puntear (2008), Duas Memórias(2010) e Lugar do Outro (2011).

Os figurinos, assinados por Fause Haten, nasceram de novos usos para peças que já existiam, misturando feminino, infantil, masculino, esportivo, punk etc. A luz foi criada por Cristina Souto.

ESPAÇOS INVISÍVEIS
Paço das Artes/USP. Av. da Universidade, 1, 3814-4832.
5ª a sáb., 21 h; dom., 18 h. Grátis (ingressos 1 h antes). Até 18/8.
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