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Em 'jacinta', Andréa Beltrão vive a pior atriz do mundo

Estadão

Jacinta é uma mulher apaixonada pela arte, mas de escassos recursos - diante da rainha de Portugal, Dona Maria, por exemplo, ela interpreta tão escandalosamente mal um texto do poeta Gil Vicente que a monarca perde o ar e, antes de falecer ali mesmo, vaticina: "Meu último desejo é que matem essa mulher. Salvem o teatro, matem a que se diz Jacinta". Começa assim, no reino de Portugal do século 17, o destino da pior atriz do mundo, protagonista do musical Jacinta, que estreia sexta-feira no Sesc Vila Mariana, depois de uma bem sucedida temporada de sete meses no Rio de Janeiro.

Em vez de perder a vida, Jacinta é degredada, viajando em uma caravela até o Brasil, onde percorre terras e coleciona fracassos, com o obstinado desejo de ser reconhecida pela arte da representação. "Mais que uma atriz sem talento, Jacinta é uma mulher ingênua que tem um sonho e, mesmo sem jamais conseguir realizá-lo, não desiste jamais", comenta Andréa Beltrão, intérprete da protagonista. "Como qualquer pessoa no mundo, ela faz escolhas infelizes, tolas, mas sempre com aquela pureza de quem está eternamente descobrindo o mundo."

Foi esse o ponto de partida para que Andréa descobrisse o rumo certo para a personagem. Ao invés do exagero, que poderia descambar em uma caricatura, ela, uma das melhores atrizes da atualidade, buscou a sutileza do exagero, a beleza do grotesco, a alma do fracasso. Por conta disso, os desacertos de Jacinta fazem a plateia rir sem notar que acha graça de si mesma.

Escrito inicialmente como texto sem canções pelo dramaturgo Newton Moreno, Jacinta ganhou um novo perfil graças ao diretor Aderbal Freire-Filho, que viu na obra um potencial para que fosse transformada em musical. Para isso, formou-se um trio com a chegada do músico Branco Mello, dos Titãs, e, do trabalho conjunto, surgiram 13 canções além de nove temas instrumentais, todos compostos por Mello em parceria com Emerson Villani.
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