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Versos que cantam Cuiabá: confira músicas nacionais e regionais que citam a capital

Da Redação - Vitória Lopes

Não só como o Centro Geodésico da América do Sul, Cuiabá também já foi o centro de diversas músicas dedicadas a registrar em versos suas infinitas facetas, como o calor infernal da “hellcity” e bailões de lambadão.


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De rap ao rock nacional, a capital mato-grossense já foi citada nas canções como metáforas para o calor. A alcunha de “cidade verde” foi exaltada quando Cuiabá foi samba-enredo na Sapucaí, e no sertanejo raiz, a capital é retratada como um ponto nostálgico de longas viagens.

Entretanto, os retratos fidedignos estão nas canções de artistas cuiabanos e mato-grossenses, que citam regionalismos e figuras centrais da cultura, como o piché e expressões cuiabanas, além de resgatar ritmos genuínos como o rasqueado e o lambadão.

Escute as canções na playlist do Spotify enquanto conhece a história das letras:



1. Skank – Te Ver

 

Talvez o hit mais conhecido nacionalmente que cita Cuiabá, Skank faz uma analogia ao calor cuiabano em seu verso. A partir da canção é possível deduzir que o clima cuiabano tenha se tornado referência de altas temperaturas no país inteiro.

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível
É como não sentir calor em Cuiabá
Ou como ir ao Arpoador não ver o mar
É como não morrer de raiva com a política
Ignorar que a tarde vai vadia e mítica


2. Emicida – Zica, Vai Lá
 

Por outro lado, Emicida usa o calor cuiabano como uma referência de sua angústia diante de uma realidade excludente e racista dos jovens negros no Brasil. Porém, em outra música, Beira da Piscina, ele rima com a analogia à alta temperatura da hellcity.

Ser alvo de câmeras que não fossem do circuito interno
De social, terno
Pois somos como Cuiabá quentes até no inverno
Ai ó como o tio compete
O céu é o limite?
Isso serviu em dois mil e sete
Rua, como dar panfleto
Vim botar pra foder,
E você sabe o que eles dizem sobre os pretos


Beira da Piscina
(Emicida)


Eu gosto é de uma beira de piscina fria
Esteira e jornal do dia, chinelo singelo (Luuupa)
Corro pro colo e vem pro pai (Upaah)
Ê, pra mim isso é viver
Sombra de palmeira truta, suco de fruta natural
Desfruta de um clima tropical, e vem amor
Olha tem um ninho de beija-flor
E esse calor que tá, me lembra Cuiabá


3. Zé Ramalho e Geraldo Azevedo - Táxi Lunar
 

Mistérios rondam o Centro Geodésico da América do Sul, de acordo com ufólogos. Nos anos 70, essa áurea mística era ainda mais perpetuada em Cuiabá e região, como em Chapada dos Guimarães também. Como referência a esse ambiente esotérico, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho escreveram um verso citando que pegaram um táxi em Cuiabá. Entretanto, a letra original mudou para beira-mar depois.

Em um vídeo publicado no Youtube, Geraldo não relata sobre o porquê da menção, tampouco porque foi mudada depois, mantendo um mistério também para o público. “Nos estúdios eu ficava tocando violão e esses acordes sugeriram a música. Não fui nem eu, o violão achou para mim. Passei muito tempo com essa melodia e criei o refrão. Mostrei a ideia para Zé Ramalho que estava em outro lugar, aí as palavras vieram e ele colocou”.





Ela me deu o seu amor, eu tomei
No dia dezesseis de Maio, viajei
Espaçonave atropelado, procurei
O meu amor aperreado

Apenas apanhei na beira-mar
Um táxi pra estação lunar


4. Samba-enredo da Mangueira
 

Em 2013, Cuiabá ecoou na Sapucaí não só como samba-enredo, mas também como tema da escola de samba Mangueira. A letra exalta figuras importantes, como São Benedito, além de uma alusão à capital como “coração da américa do sul” por ser o centro geodésico.

Ao paraíso, emoldurado
Em cintilante céu azul
Bendita sejas terra amada!
O coração da américa do sul
É hora de darmos as mãos
Agora seguir a missão
Sustentar na mesma direção
Mangueira...o trem da emoção
Viaja na imaginação
Meu samba é madeira, é jequitibá
É poesia dedicada a Cuiabá


5. Fernando & Sorocaba (part. Chitãozinho e Xororó)
 

Do Tamanho do Nosso AmorEm uma letra que “viaja” pelo país inteiro, citando cidades como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Foz do Iguaçu, a capital mato-grossense é mencionada mais uma vez como uma referência ao calor.

Chegou de repente na minha cidade
E se impressionou com a tranquilidade
Não imaginava o quanto a gente aqui era feliz
Como um passe de mágica
A gente se apaixonou
Vou mostrar pra ela que o meu Brasil
É do tamanho do nosso amor
Quero te amar no frio de Porto Alegre
Ou no calor de Cuiabá
Ver o pôr-do-Sol em Minas
Na fazenda no Paraná


6. João Carreiro e Capataz – Pagode em Cuiabá
 

O sertanejo raiz de João Carreiro e Capataz fala de Cuiabá como uma grande festa: após dizer que Tião Carreiro fez um pagode em Brasília, a dupla vai dar início a um pagode em Cuiabá. No final ainda, enaltecem a capital como “filhos de Cuiabá”. Outra música que eles dedicam a Cuiabá, é uma brincadeira com Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, que muitas vezes são confundidas por outros brasileiros.

Tião Carreiro com pagode em Brasília
fez o povo delirar
Mais agora eu vou fazer um pagode em Cuiabá
Vou levar esse pagode onde quiser que eu vá
Estarei sempre cantando para o povo escutar
 
Este pagode bonito
que eu canto e repito,
pagode em Cuiabá

[...]

Meu pagode é um colosso
eu sou lá do Mato Grosso
sou filho de Cuiabá


Campo Grande Cuiabá
(João Carreiro e Capataz)


Ou Campo Grande, ou Cuiabá
Não sei se eu fico aqui, ou se eu volto pra lá
Cidade verde, cidade morena
Pego a Fernando Correa e vou parar na afonso pena


7. Renato Teixeira – Meu Veneno
 

Na canção roadtrip de Renato Teixeira, que também faz uma viagem pelo Brasil e inclusive em municípios mato-grossenses como Poconé, Sinop, Alta Floresta e Várzea Grande, ele está à procura da “menina dos meus olhos”.

No Mato Grosso,
Fui a Poconé, Sinop, Cuiabá, Barra do Garça.
Alto Floresta, Porto Jofre
Também passei
Por Varzea Grande, Rondonópolis
Em Barão de Melgaço
Eu parei prá descansar No Mato Grosso do Sul


8. Tetê Espíndola - Cuiabá
 

Considerada detentora de uma das mais belas e exóticas vozes nacionais, Tetê Espíndola não só cita Cuiabá, como dedicou uma música para a capital. A ode conta com a presença de muitos elementos da natureza, especialmente do pantanal, símbolo de Mato Grosso.

Vaia de arara passa pelos ares
Daqui pra 'li
Fica no olhar a flutuar
O leque dos buritis
Se abre sobre a cidade verde
O céu de anil
No coração da américa
Terra de ócio
De sol e rio
Cuiabá de onde se ouviu


9. Henrique, Claudinho e Pescuma – Cabeça de boi
 

Pescuma

Que cuiabano nunca entoou o típico sotaque regional ao cantar essa canção? Outra música composta por Pescuma e Pineto, “Rasqueado do pau rodado” faz troça com os “pau-rodados”: as pessoas de outros estados que vem morar em Cuiabá.

Oh Cuiabá, Cidade Verde, ai, ai, ai
com cheiro de pequizá, ai, ai, ai
Vou comer pacu assado, tomar pó de guaraná
Vou comer pacu assado, tomar pó de guaraná
Meu amor brigou comigo, ai, ai, ai
Eu não sei onde ela foi, ai, ai, ai
Só sei que eu vou lá pra Guia, comer cabeça de boi
Só sei que eu vou lá pra Guia, comer cabeça de boi.


Rasqueado do pau rodado
(Pescuma e Pineto)


Não aguento mais ser chamado de pau rodado
Já tomo licor de pequi, já danço o Siriri
Como bagre ensopado
Sou devoto de São Benedito
Até já danço o rasqueado
Sou devoto de São Benedito
Até já danço o rasqueado
Adoro banho de rio, vou direto pra Chapada
Na noite cuiabana tomo todas bem gelada


10. Moisés Martins – Piché
 

“Piché”, composta pelo poeta Moisés Martins também é um clássico do rasqueado.

Milho torradinho socado, canela açucarada
a branca pura daquela gurizada
Do tempo do Campo D´Ourique,
Quando a pandorga, o finca-finca
o buscapé e o trique-trique
pintavam o céu com pingos de luz
É tempo bom que não volta mais
Só na lembrança de quem foi menino,
Hoje é rapaz.
Milho torrado, bem socadinho
Ah, que saudade do meu tempo de menino
Um dia ainda verei eu tenho fé
Meu neto, meu neto
Com a boca toda suja de piché
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