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Notícias / Política Cultural

Estudo revela mudanças culturais causadas pelo avanço do agronegócio no ‘Cerrado do Pantanal’

Da Redação - Isabela Mercuri

Uma dissertação de mestrado defendida no último mês de março, no Instituto de Educação (IE) da Universidade Federal De Mato Grosso (UFMT), mostrou como o agronegócio influenciou nas mudanças culturais de seis comunidades da região autodenominada de Cerrado do Pantanal, no município de Poconé, Mato Grosso.

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A dissertação “As alterações ambientais e culturais em comunidades do Cerrado do Pantanal, Poconé, Mato Grosso” foi escrita por Rafael Martine, e orientada pela Professoa Dra. Regina Silva. Para sua realizaçaõ foram escolhidas duas comunidades quilombolas, duas tradicionais e dois assentamentos, conforme a autodenominação de seus representantes.

“Nos últimos anos, esta região de transição entre os biomas Cerrado e Pantanal vem sofrendo alterações em seu ambiente, provocadas essencialmente pelo avanço do agronegócio, o qual, consequentemente, está restringindo o território destas comunidades”, explica o resumo. “Usamos a perspectiva da educação ambiental crítica para compreender estes processos de transformação no ambiente, e, especialmente, refletir sobre as relações sociais presentes nestas mudanças, considerando os vínculos entre o ambiente (habitat), a sociedade (habitantes) e a cultura (hábitos)”.

O objetivo da pesquisa foi estudar estas transformações no ambiente, e como estas mudanças influenciaram o dinamismo da cultura nas comunidades pesquisadas. A metodologia usada foi a do ‘Mapa Social’, e, com isso, foi possível construir o estudo junto às pessoas que vivem naquele território. Foi de extrema importância a autonarrativa e a autodenominação destas pessoas.

Rafael realizou pesquisas de campo, entrevistas, seminários de mapeamento social e processo formativo. “Como possíveis resultados, registraram-se alguns impactos ambientais provocados pela ação predatória do agronegócio no Cerrado do Pantanal como desmatamento, assoreamento dos rios, queimadas, contaminação da terra, ar e água provocada pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e desaparecimento da fauna e flora nativa. Estes impactos estão influenciando e alterando a cultura destas comunidades em ritmo consideravelmente rápido, como mostrado nas narrativas de moradoras e moradores que perceberam mudanças significativas nas últimas décadas na alimentação, no uso de remédios naturais, na diminuição de festas e expressões artísticas, no cultivo e produção de alimentos, na fabricação de artesanatos e artefatos culturais, e em outras manifestações que caracterizam a cultura destas pessoas que habitam o Cerrado do Pantanal”, encerra.

É possível acessar dissertações do Instituto de Educação AQUI
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