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Notícias / Artes visuais

Um ano e meio depois: como estão os museus de Mato Grosso após o ‘SOS’ criado por artistas

Da Redação - Isabela Mercuri

No início de 2018, ainda no final da gestão Pedro Taques no Governo, e na primeira metade da de Emanuel Pinheiro na Prefeitura, os artistas de Cuiabá criaram uma petição online intitulada ‘SOS Museus’. À época, quase todas as instituições culturais da baixada cuiabana estavam fechadas. De lá para cá, uma série de mudanças aconteceram, desde os secretários – passaram pela pasta estadual, por exemplo, Kleber Lima, Gilberto Nasser e o atual Allan Kardec – até as contas públicas – o estado entrou em calamidade financeira, e o governador de Mato Grosso ainda prorrogou o decreto por mais 90 dias. Nacionalmente, o Ministério da Cultura foi extinto e transformado em ‘Secretaria Especial de Cultura’ pelo governo Jair Bolsonaro. Em meio a tudo isso, como andam os museus?

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Desde o início de sua gestão, Emanuel Pinheiro tem feito questão de se posicionar como o ‘Prefeito dos 300 anos’. Isso inclui, por exemplo, planejar a revitalização do centro histórico, e a realização da grande festa de aniversário – que iria acontecer na Arena Pantanal, mas não foi autorizada de última hora. Alguns museus, como o Museu da Imagem e do Som (MISC), foram reabertos nesse ínterim. Confira:

Museu da Imagem e do Som (MISC)

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

O Misc estava fechado desde 2015, e sua reforma fazia parte do Projeto ‘PAC Cidades Históricas’, e era feita em uma parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) com a Prefeitura de Cuiabá. Ele foi entregue no dia 5 de junho de 2018, e passou a funcionar inclusive aos finais de semana – algo raro na baixada.

“O Museu da Imagem e do Som – Lázaro Papazian encontra-se em pleno funcionamento, com quatro exposições fixas e uma recém inaugurada com cerca de 80 peças de 21 etnias indígenas nacionais. Seu horário de funcionamento é de segunda a sexta, das 8h às 18h, com intervalo para almoço. Sábados das 8h às 16h, sem intervalo”, afirma a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer.

O espaço possui auditório com 40 lugares, com exibições de vídeos, uma sala com computadores ligados à internet, com todas as imagens digitalizadas de seu acervo, e as salas que contam a história do rádio, da música e do cinema em Cuiabá.

O MISC fica na Rua 7 de Setembro, 1 - Centro Norte, e funciona de segunda a sexta, das 8h às 18h, com intervalo para almoço. Sábados das 8h às 16h, sem intervalo.
 
Museu da Caixa D’Água Velha

Foto: Luiz Alves

Localizado na região central, o museu faz parte da história da cidade e é um dos mais visitados por cuiabanos e turistas. O Morro da Caixa D’Água foi construído no século XIX, e por mais de 140 anos foi o único reservatório da cidade. Durante esse período, a estrutura recebia água diretamente do Rio Cuiabá e distribuía para as bicas espalhadas em diferentes pontos do município. As caixas, submersas e formadas por duas galerias, tinham capacidade para armazenar mais de um milhão de litros de água.

Ele foi revitalizado em abril de 2019. No entanto, há denúncias de que seu ar condicionado encontra-se quebrado. Veja o que diz a secretaria: “Em abril de 2019 foi finalizada a reforma no Museu da Caixa D’Água, uma obra da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo em parceria com a Secretaria de Serviços Urbanos. Na ocasião, foram realizadas melhorias na iluminação, jardinagem e paisagismo, pintura, instalação de bancos e lixeiras e recuperação do quiosque e da estrutura de atendimento aos visitantes. Também foram instalados três novos aparelhos de ares-condicionados para garantir o conforto de visitantes e funcionários e um ambiente adequado as peças de arte mantidas no local”.

O museu está localizado entre a Rua Nossa Senhora de Santana e a Rua Comandante Costa, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
 
Museu do Índio


TVCA / Reprodução

O Centro Cultural Ykuiapá, mais conhecido como ‘Museu do Índio’, Está fechado há seis anos e não há previsão de reabertura. Ele guarda em seu acervo cerca de 2000 peças raras de diferentes etnias de Mao Grosso, e dentro do prédio há um Setor de Documentação, uma Biblioteca especializada na temática indígena e uma galeria de arte.  

“As obras de reforma do Museu do Índio, em Cuiabá tem orçamento de R$ 535 mil, sendo R$110 mil pagos na gestão anterior. O recurso é do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. No momento, o projeto está em análise e recebendo os últimos ajustes da equipe técnica do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (IPDU). Seguindo o cronograma, esta fase de projetos tem previsão de finalização para o fim de outubro, quando se iniciam as tratativas de sua execução com a empresa responsável pela obra. Quanto ao acervo, ele está sob a tutela da Fundação Nacional do Índio, em local diferenciado neste período de reforma. Ainda não há previsão de entrega da obra”, explica a Secretaria.
 
Museu do Rio

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Construído em 1899 e tombado pelo governo em 1983, o museu fica onde antes funcionava o ‘Mercado do Peixe’. Foi restaurado em 1999 para receber o museu e tem acervo com fotografias, peças de artesanato, artes sacras e maquetes. No entanto, também está fechado, desde 2016.

Segundo a Secretaria, houve um erro técnico na primeira licitação, e o processo está sendo refeito: “O aporte financeiro para a reforma no Museu do Rio tem valor de R$ 250 mil e vem do Ministério do Turismo. Por isso, todo o processo licitatório é coordenado pela Caixa Econômica Federal. Foi detectado um erro técnico na primeira licitação pela instituição financeira, por isso o processo está sendo refeito pela Diretoria Especial de Licitações e Contratos. Além de pintura, manutenção da parte elétrica, o projeto prevê a compra de mobiliário, equipamentos de climatização, iluminação e multimídia. A meta é entregar o Museu do Rio até o fim de 2019”.
 
Aquário Municipal

Foto: Michel Alvim / Prefeitura de Cuiabá

Fechado desde 2016, o aquário deveria ter sido entregue no aniversário de 300 anos da capital, em abril de 2019. A promessa foi feita pelo prefeito Emanuel Pinheiro, em 13 de fevereiro, no programa ‘Tribuna’, da Rádio Vila Real.

Batizado de ‘Aquário Municipal Justino Malheiros’, ele foi inaugurado em 2000, fechou em 2009 para reformas, e foi reaberto em 2014 para a Copa do Mundo. Em 2016, no entanto, foi fechado novamente, e não abriu as portas quando a revitalização da Orla do Porto terminou.

A Prefeitura, agora, afirma que a entrega será no aniversário de 301 anos: “Para a finalização das obras do Aquário Municipal Justino Malheiros foi realizado um estudo para identificar o tipo de vidro adequado para a estrutura do local. No momento, está sendo feita a licitação para a compra e a colocação do vidro. A previsão de entrega do local é para o aniversário de 301 anos de Cuiabá, no dia 08 de abril de 2020”.
 
Gestão estadual

O problema dos museus no Governo do Estado é antigo,  vem de gestões anteriores. Em 2017, ficou decidido que seria feito um chamamento público voltado à gestão de equipamentos culturais, com o objetivo encontrar organizações para administrar esses espaços. O processo foi feito duas vezes para selecionar essas Organizações da Sociedade Civil (OSCs). No entanto, alguns contratos não foram firmados, e alguns museus seguem fechados. 

Museu de Arte de Mato Grosso (MAMT)

Foto: Reprodução / Ibram

Fechado e sem previsão de entrega. Há uma vontade de levá-lo para o Palácio da Instrução, que já possui estrutura exigida pela Bienal de São Paulo. No entanto, sua situação ficará para ser resolvida no próximo ano.

Houve, em 2017, um chamamento para a gestão do MAMT e Galeria Lava Pés, que ficou aberto de 09/05/2017 a 07/07/2017, e teve como vencedor o Instituto de Arte e Cultura Boca de Arte, capitaneado por Magna Domingues. No entanto, Magna acabou falecendo e o governo Taques, à época com Gilberto Nasser na Secretaria de Cultura, cancelou o contrato.  

Criado por decreto em 13 de maio de 2008, o Museu de Arte de Mato Grosso só foi implantado em 05 de março de 2014 na Residência dos Governadores, e esteve em atividade, graças a renovações emergenciais do contrato de gestão, até fevereiro de 2017, e desde então está sem atividades.

Residência dos Governadores

Foto: Guilherme Filho / Secom MT

Foi reaberta em 26 de novembro de 2018. Até 2017, a residência abrigava o MAMT. No mesmo ano, o edital de chamamento para a gestão do Museu Histórico e Residência dos Governadores esteve aberto de 16/08/2017 a 16/10/2017, e foram recebidas duas propostas para o plano de trabalho, porém após o recebimento dos planos de trabalho, o edital foi cancelado. Em março de 2018 o espaço foi cedido para a comissão 300 anos, e em 26 de novembro de 2018, o local foi reaberto como museu.

A Residência Oficial dos Governadores de Mato Grosso foi construída entre os anos de 1939 e 1940, no Governo do Interventor Júlio Muller. O projeto da edificação, elaborado pelo arquiteto Humberto Kaulino, obedeceu ao estilo usado no Rio de Janeiro na década de 30, neocolonial de matriz norte-americana, chamado de estilo "mission", baseado nas antigas missões espanholas da Califórnia e outros estados conquistados ao México pelos Estados Unidos, muito difundido em filmes de faroeste.

A antiga casa foi inaugurada na década de 1940, e serviu de morada a 14 governadores do estado, além de hospedar o ex-presidente Getúlio Vargas, em 1941, quando ele fez sua primeira visita a Mato Grosso.

Hoje, o Museu Residência dos Governadores ficará aberto à visitação de terça-feira a sexta-feira, das 13h30 às 18h.
 
Museu de Pré-História Casa Dom Aquino

Foto Reprodução / Conhecendo Museus

Foi um dos únicos que conseguiu se manter aberto por mais tempo, no entanto, não sem dificuldades. Em junho deste ano, começaram a passar por uma reforma e, em julho, pediram doações para conseguir terminá-la. Uma empresa especializada foi contratada para fazer as melhorias no museu, mas as doações necessárias eram de materiais para pintura ou mão de obra, para auxiliar no mutirão que seria realizado em breve.

Em 2018, o museu participou de um edital do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão ligado ao Ministério da Cultura, e foi contemplado com um prêmio para ser utilizado em melhorias na infraestrutura, como a substituição das madeiras do telhado e ajustes na parte elétrica.
 
O museu também recebeu do Instituto ECOSS um auxílio para a manutenção das esquadrias das portas e janelas. No entanto, ainda falta a pintura do imóvel e reparos nas salas de exposição para finalizar a revitalização do casarão histórico. 
 
Construída em 1842, a Casa Dom Aquino é um Patrimônio Histórico do Estado de Mato Grosso. Com estilo colonial, ela possui traçado arquitetônico em formato de "U", com doze cômodos e fachada voltada para o rio Cuiabá.

Atualmente, a Casa Dom Aquino abriga o Museu de Pré-história Casa Dom Aquino, que foi inaugurado no dia 7 de dezembro de 2006, através de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Cultura (SEC) e o Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (ECOSS).

Está localizado na Avenida Beira Rio, nº 2000, bairro Dom Aquino, Cuiabá. O funcionamento ao público é de segunda a sábado, das 8h às 18h. Entrada: R$ 6 (inteira) R$ 3 (meia).
 
Memorial Rondon

Foto: Junior Silgueiro / Gcom MT

Localizado no Distrito de Mimoso, em Santo Antônio do Leverger, o Memorial encontra-se aberto, depois de uma série de problemas. O projeto foi criado em 1997, mas a obra começou em 2001. Dois anos depois foi paralisada e retomada em 2006, porém sem muitos avanços. A discussão para continuidade do complexo só foi retomada em 2012, com a vinda da Copa do Mundo, em 2014. Porém, foi reiniciada em 2015. Depois disso, ele foi inaugurado em 2016, fechado três meses depois, reinaugurado e fechado em 2017, e aberto novamente em 2018. No começo do ano de 2019, o local estava sendo subutilizado e, por este motivo, a secretaria-adjunta de turismo iniciou o processo de reocupação da área.

O memorial foi reaberto graças a um plano de ação do governo do Estado junto à prefeitura municipal de Santo Antônio do Leverger. O espaço agora quer receber mais visitantes e pode, inclusive, ser palco das festas de santo do Pantanal.

A gestão do local é compartilhada com a comunidade, prefeitura municipal e sociedade civil organizada. A ideia é formar um pólo para comercialização e exposição de artesanato e produtos agrícolas da região. A empresa responsável  pela obra foi acionada para fazer a manutenção e reparos do prédio no começo de fevereiro de 2019. A estrutura ainda estava no período de garantia e não houve custos extras aos cofres públicos.

O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 8h às 17h, com entrada gratuita.

Durante a semana, podem se feitos agendamentos de grupos ou escolas pelo e-mail acenica@gmail.com ou pelo telefone (65) 3023-4523.
 
Museu Histórico de Mato Grosso

Foto: Reprodução / GCom MT

Está fechado há dois anos, mas a previsão é de que reabra em novembro. O valor da reforma é de R$180 mil, proveniente da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel). O investimento está estabelecido no Plano Plurianual (PPA).

O acervo do museu contém fotos, móveis e objetos que recontam a história de Mato Grosso, desde a chegada dos Bandeirantes até a Ditadura Militar, passando pela monarquia e república.

O prédio onde fica o Museu está ao lado do Palácio da Instrução, na Praça da República, Centro Histórico de Cuiabá. Ele foi inaugurado em 1898, no Governo do coronel Antônio Cesário de Figueiredo, e começou a ser construído em 1896, no Governo de Antônio Corrêa da Costa, o então presidente do Estado de Mato Grosso.
 
Galeria Lava Pés

Foto: André Romeu

Inaugurada em 28 de outubro de 2015, a Galeria de Artes Lava Pés é um equipamento cultural de Cuiabá. Localizado no piso térreo da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), o espaço possui 350 metros quadrados de área e está equipado para receber exposições nos mais variados suportes.

No entanto, é aberta ao público somente de segunda à sexta-feira, sempre das 8h às 18h.
 
Museu de Arte Sacra de Mato Grosso 

Foto: Assessoria / GCom MT

O museu foi reaberto em fevereiro de 2019, após passar anos com as portas fechadas, e passou a ser um dos poucos que funciona aos finais de semana. O local, que já foi casa de Dom Aquino Corrêa, fica ao lado da Igreja do Bom Despacho, no complexo Seminário Nossa Senhora da Conceição, edificado em 1858.

De acordo com a assessoria do governo do Estado, um dos destaques da nova fase do museu é a ala reservada aos retábulos da antiga catedral, Igreja Bom Jesus de Cuiabá. São dois altares dos séculos XVIII e XIX, de 8 metros de altura cada, um neoclássico e outros barroco rococó, expostos pela primeira vez desde que a antiga Catedral foi demolida, em 1968.

O Museu de Arte Sacra de Mato Grosso fica na Praça do Seminário, na Rua Clóvis Hugney, 239, bairro Dom Aquino. Aberto à visitação de quarta-feira a domingo, das 9h às 17h. Ingresso a R$5. Outras informações: (65) 3646-9101. 
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