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‘Capital do ecoturismo’, Nobres não tem sinal de telefone e internet e estrada está esburacada

da Redação - Isabela Mercuri

A cidade de Nobres foi declarada, nesta semana, como ‘Capital Mato-Grossense do Ecoturismo Sustentável’, pela lei nº 11.079/2020 do deputado estadual Eduardo Botelho (DEM). No entanto, moradores e turistas relatam que ainda falta muito para que o local tenha infraestrutura adequada para receber os visitantes. Dentre as principais reclamações estão a falta de sinal de internet e telefone, e a qualidade do asfalto nas estradas.

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O guia de turismo e morador da região Junior Brites é um dos que acreditam que ainda há muito o que fazer. Segundo ele, a atenção é dada muito mais ao agronegócio da região do que ao potencial turístico. Um exemplo está nas estradas. “Vindo de Cuiabá até próximo a Vila está tudo bem. Os últimos 5km que dão acesso à comunidade é que estão bem ruins. Buracos maiores que um pneu”, lamenta.

Lagoa encantada, em Nobres (Foto: Reprodução)

Segundo Junior, o problema é causado por veículos pesados que vão à região na época de colheita. “Deveria ter uma política melhor em relação a isso, já que o turismo é a fonte que mais emprega pessoas na região de bom jardim e vila roda d’água”, afirma. “As estradas são arrumadas esporadicamente e os carros pequenos causam um dano mínimo. O que faz nossas estradas ficarem assim são os grandes veículos que veem em períodos de coleta de grãos, sempre saindo da região muito pesados. Como bem sabemos, nosso sistema de pavimentação não atua para realizar um trabalho de qualidade, sendo necessário sempre uma manutenção, que não acontece”.

De acordo com o secretário adjunto de turismo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) Jeferson Moreno, foi feito o recapeamento das estradas que chegam até Nobres recentemente. No entanto, de Nobres até a vila de Bom Jardim – onde ficam os atrativos – o recapeamento foi feito no governo passado, e já está com problemas. “A Sinfra está fazendo algumas notificações para a empresa que fez a obra, porque apareceram alguns buracos, e está notificando para refazer o acabamento em algumas partes dessa estrada”.

A Sinfra se manifestou por meio de nota. Leia a íntegra:

A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) informa que está realizando uma vistoria na MT-241, no intuito de levantar informações sobre a real situação da via e tomar providências. A licitação para a manutenção desta e de outras rodovias da região já está em andamento e até metade do ano os trabalhos que preveem roçada e tapa buracos devem ser realizados ao longo da estrada.

Telefone e internet

Em relação às telecomunicações, a situação é ainda pior. Segundo Brites, só tem sinal de telefone quem coloca antena privada, e só tem internet quem contrata Wifi. “Eu compreendo que o município, perante a lei que o ampara, só precisa disponibilizar esse sinal até 15km da sede do município. Mas a região turística recebe um enorme fluxo de visita. Já deveriam pensam em viabilizar um sistema de comunicação dando acessibilidade não só ao turismo, mas a toda comunidade, assim gerando mais segurança, acesso à informação e até ajudando a melhorar a infroestrutura voltada pro turismo”, aconselha.

Para este caso, Jeferson explica que o governo fica nas mãos das operadoras. Recentemente, a Secretaria tentou tratativas com a Tim, que não manifestou interesse em expansão nesta região. “Nós tivemos algumas tratativas com algumas operadoras já sobre isso, mas não tivemos uma devolutiva. A última que tivemos foi com a Tim, estávamos querendo fazer o plano de expansão dentro do estado, mas o saldo não foi muito positivo por causa da demanda. Vou ter uma conversa ainda com o pessoal da Vivo e da Oi pra ver como a gente consegue melhorar esse problema de internet, de conectividade na região de Bom Jardim”, disse.

Secretário adjunto de turismo, Jefeson Moreno (dir.) (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

A Vivo, no caso, ficou de fazer um estudo da região, mas ainda não respondeu. O Estado não tem poder sobre a decisão de colocar ou não torres de telecomunicação, já que a decisão é da empresa privada.

Enquanto isso, população e turistas seguem sem esta possibilidade. “A falta de acesso à informação faz com que o poder público deixe de dar respaldo à comunidade, gerando um ciclo de contato muito raso. Poderiam olhar para comunidade de uma forma mais humana”, lamenta o guia de turismo.

Para o secretário, no entanto, o maior problema da região é outro: regularização fundiária. “A maioria tem posse das áreas, não tem o título definitivo, e a gente tem problema para fazer investimento porque é posse. Estamos também em uma tratativa para resolver esse problema fundiário de lá. Tem uma parte que é do Intermat, tem parte que é do Incra, e já tivemos algumas reuniões e está caminhando para resolver”, finaliza.
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