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Notícias / Comportamento

Neurocirurgião alerta para risco iminente do 'desafio da rasteira': "Dilaceração, fratura na coluna e até a morte"

da Redação - Isabela Mercuri

Vídeos de uma brincadeira aparentemente inocente ‘viralizaram’ nas redes sociais nos últimos dias. Neles, duas pessoas pulam e depois uma, no meio, pula também. Neste momento, as que estão do lado lhe dão uma rasteira, e a do meio cai no chão. O que parece somente um desafio ‘bobo’, no entanto, pode causar sérios riscos e até a morte, e levantou um alerta de escolas e até mesmo da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

📍COMUNICADO DE UTILIDADE PÚBLICA ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Prezados (as) senhores (as), ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) vem, por meio deste, alertar aos #pais e #educadores sobre a necessidade de reforçar a atenção com crianças e adolescentes, diante do #desafio “quebra-crânio”, que se alastra pelo ambiente doméstico, escolar e é reproduzido nas redes sociais. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Ele provoca uma queda brutal, onde um dos participantes bate a cabeça diretamente no chão, antes que possa estender os braços para se defender. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Esta queda pode provocar lesões irreversíveis ao crânio e encéfalo (Traumatismo Cranioencefálico - TCE), além de danos à coluna vertebral. Como resultado, a vítima pode ter seu desempenho cognitivo afetado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo aos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ O que parece ser uma brincadeira inofensiva, é gravíssimo e pode terminar em óbito. Os responsáveis pela “brincadeira” de mau gosto podem responder penalmente por lesão corporal grave e até mesmo homicídio culposo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Deste modo, como sociedade, pais, filhos e amigos, devemos agir para interromper o movimento e prevenir a ocorrência de novas vítimas. Acompanhar e informar/educar sobre a gravidade dos fatos, pode ser a primeira linha de ação. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Sem mais para o momento, subscrevemo-nos. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Diretoria Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⭕ Todos os direitos reservados à SBN, 1957 - 2019. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ 📭 Secretaria permanente: Rua Abílio Soares, 233 - CJ.143. Paraíso. CEP 04005-001- São Paulo/SP⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ☎ Tel.: (11) 3051-6075 📨e-mail: comunicacao@sbn.com.br ✔Resp. Téc.: Dr. Paulo Honda CRM-SP 52362 - RQE: 38511 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ #sbn #neurocirurgia #neurocirurgiaBR #desafiodarasteira #brincadeiradarasteira #alerta #quebracranio

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Chamada de ‘desafio da rasteira’, a brincadeira tem um perigo ‘inerente’. É o que diz o neurocirurgião de Cuiabá, Dr. Adailton A. dos Santos Jr. “É uma brincadeira que realmente gera o risco de um trauma mais intenso, porque a queda que produz é uma queda que a gente chama de ‘sem defesa’, porque primeiro a pessoa não espera essa queda, e segundo, ela não se defende da queda com os braços”, explica.

Adailton é formado pela Universidade Federal de Campina Grande, tem residência médica em Neurocirurgia pelo Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e título de Especialista em Neurocirurgia pela Associação Médica Brasileira (AMB). Atualmente ele é professor da faculdade de medicina da Univag.

Segundo ele, os riscos são diversos. “Vimos em alguns casos que essas pancadas podem ter riscos de dilaceração, ou fraturas em coluna. Associado a isso, também tem um risco de trauma crânio-encefálico, que a gente chama TCE na neurocirurgia, e que pode realmente trazer maiores prejuízos. (...) É uma pancada forte, que pode trazer desde pequenas alterações como somente um desmaio, uma dor de cabeça, até alterações significativas, passando por fraturas de crânio, por hemorragias, hematomas, machucado no cérebro e podendo evoluir até a sequelas graves e podendo até chegar ao óbito quando alguma estrutura mais importante é afetada. Essa brincadeira traz um risco implícito e inerente a ela, de grande possibilidade de lesões traumáticas da cabeça”.

O neurocirurgião explica que, neste caso, não há nenhuma forma segura de fazer este desafio. Nem mesmo um capacete é indicado. “A gente repudia essas brincadeiras ou coisas que tragam riscos à realização dessa tarefa, e sempre enfatiza a prevenção. E a prevenção dessa brincadeira é não realizá-la”, declara.

Escolas em alerta

Por ser um desafio realizado, a maior parte das vezes, por crianças e adolescentes, o caso acendeu um alerta às escolas. O Colégio Batista de Cuiabá, por exemplo, publicou um vídeo dos próprios alunos alertando sobre os riscos. Veja:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

No vídeo, nossos alunos representaram um desafio muito perigoso que poderia ter resultado em um acidente grave.⠀ Estamos todos orgulhosos deles, estão colocando em prática os valores e ensinamentos.🙏📚⠀ Saber a importância da amizade, amor e respeito com certeza é uma herança que dura para sempre!🙏❤⠀ ⠀ ⠀ #amizade #amor #respeito #cristo #colegiobatista #cuiaba #estudo #amor #carinho #escola #alunos #ensino #alfabetizacao #educacao #aprendizado #professores #kids #foco #professor #estudos #pedagogia #estudar

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O colégio Notre Dame de Lourdes disse, via assessoria, que “ao tomar conhecimento da propagação deste tipo de ‘brincadeira perigosa’ entre estudantes, orientou todos os coordenadores, professores, monitores, agentes de pátio e seguranças para que fiquem atentos e que alertem os alunos para os riscos que ela representa. A escola informa, ainda, que vários pais manifestaram preocupação, e que foram informados sobre as medidas preventivas adotadas na escola. Até o momento não foi notificado nenhum caso de estudantes do Notre Dame fazendo este tipo de ‘brincadeira’”.
Segundo a diretora, Irmã Marluce, a instituição sempre investe na prevenção de acidentes na escola e, inclusive, realizou uma palestra para professores e colaboradores por profissionais de segurança no mês de janeiro de 2019.

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) também tomou medidas preventivas. Nesta quarta-feira (12), a secretária adjunta de Gestão Educacional, Rosa Maria Luzardo, enviou um orientativo às escolas da rede estadual de ensino, extensivo aos profissionais da educação e comunidade escolar, prevenindo sobre o perigo dessa nova brincadeira. “A Seduc faz um alerta para sensibilizar os gestores, professores e pais quanto à gravidade dessa brincadeira que inclusive já levou uma pessoa a óbito”, destacou.

Conforme o orientativo, a Seduc “recomenda que todas as unidades escolares e Assessorias Pedagógicas intensifiquem campanhas de informação e conscientização dos alunos e familiares sobre o risco em que podem se colocar ao praticarem esse tipo de conduta, para que presenvem a integridade física própria e dos demais colegas”.

Brincadeira fatal

Uma garota morreu, em novembro de 2019, em decorrência da ‘brincadeira da rasteira’, em Mossoró, Rio Grande do Norte. Ela teve traumatismo craniano, e o caso veio à tona na mídia nesta semana, junto com a popularização dos vídeos do desafio. Emanuela Medeiros tinha 16 anos.
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