Imprimir

Notícias / Comportamento

Na Bolívia, chapadense não consegue voltar e sofre de preocupações com a mãe e a filha

Da Redação - Isabela Mercuri

Taiane Francisca da Costa tem 30 anos, e está no 7o semestre de medicina na Universidad de Aquino Bolivia. No início do mês de março, quando acabaram suas férias – que passou em sua cidade natal – ela voltou para Santa Cruz de La Sierra, e viu tudo mudar de repente. Agora, se preocupa com sua mãe e sua filha, que ficaram em Chapada dos Guimarães, mas não pode voltar por falta de ônibus disponíveis.

Leia também:
Brasileira na República Tcheca: proibida de sair sem máscara e sem álcool gel há dois meses
 
“Eu estava no Brasil de férias e adiei minha vinda. No dia que eu estava embarcando em Cuiabá recebi um comunicado da faculdade que as aulas estavam suspensas ate 31 de março e mesmo assim eu vim. Durante a viajem notei que não tinha mas aquela movimentação diária aqui dentro do país... em San Mathias na bimodal [rodoviária] não tinha muitas pessoas, muitas frotas de ônibus fechadas e notei que na entrada da cidade estavam montando tipo uma concentração de militares”, contou ao Olhar Conceito. “Ao chegar em Santa Cruz de La Sierra a bimodal estava fechada, poucas frotas de ônibus chegando ou saindo da cidade. Mas tudo tranquilo, sem muito alvoroço e a cidade estava bem parada”.
 
Desde então, ela não pode sair de casa, a não ser em um horário determinado pelo governo para que vá ao supermercado. Assim como no Brasil, não há restaurantes, festas ou bares, e nem mesmo o transporte público ou taxis em funcionamento. “O povo aqui esta obedecendo todas as medidas obrigatórias que foram estabelecidas pela presidenta. O toque de recolher é a partir das 17h e quem estiver nas ruas depois desse horário será preso por 8 horas. Para ir ao mercado, é uma pessoa por família, e passa por uma triagem. Se apresentar algum sintoma ou até mesmo febre, não é permitido entrar”, conta.
 
Suas maiores preocupações, no entanto, são com a família que ficou em Mato Grosso. Taiane sofre com a possibilidade de sua filha de dez anos ficar doente e ela não conseguir ir embora para ajudá-la. “Peço a Deus todos os dias em oração pra guardar minha família, e ligo todo dia pra casa pra saber como elas estão, se estão ficando em casa, lavando as mãos quando chegam da rua e passando álcool em gel. Faço um monitoramento diário delas (minha mãe e minha filha)”.
 
Estudar medicina foi um sonho realizado. Taiane formou-se técnica de enfermagem e trabalhou durante três anos, sem imaginar que essa possibilidade seria real, até que conheceu uma médica boliviana, Eliana Calderon, que lhe explicou todo o processo.
 
Durante a quarentena, a estudante tem aulas online via videoconferência, e ainda não sabe quando as presenciais irão voltar. Em sua cidade, há quinze casos confirmados do novo coronavírus (COVID-19). “Estou evitando o máximo sair de casa, saio se necessário pra comprar algo no outro lado da rua e volto pra casa novamente. Não se vê mais muitas pessoas nas ruas, só saem mesmo se for preciso. Eu fico mais dentro de casa o tempo todo”. Em sua opinião, os bolivianos estão respeitando mais a quarentena do que os brasileiros.
 
“Fiquem em suas casas, saiam só se for necessário! Pois todo cuidado nesse momento é valido pra cada um de nós e por respeito a quem tem que sair de suas casas pra cuidar do próximo”, finaliza.
Imprimir