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Professora de MT encontra novamente no bordado o "prazer em fazer algo"

Da Redação - José Lucas Salvani

A professora Bruna Pastore, de 36 anos, passou por uma severa crise dissociativa em 2019. O quadro foi tão grave que a professora precisou ser afastada de seu cargo para que pudesse fazer um acompanhamento médico que contribuísse com sua melhora. Em meio ao caos, Bruna encontrou novamente no bordado o prazer em fazer algo, sensação que havia se perdido após se frustrar com seu emprego.

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“Eu estava em um momento muito triste e frustrada com a minha profissão. Eu queria fazer alguma coisa que me desse prazer. Eu lembro que o primeiro bordado, era bem simples, que é um barquinho no oceano. O primeiro ficou meio grosseiro [por falta de técnicas] e o segundo era uma mulher que parecia a Frida Kahlo, com uma roupa toda florida, cheia de planta”, detalha sobre suas primeiras peças feitas em 2019. Ambas foram dadas para duas amigas como um presente.

Bruna é professora de sociologia na Rede Estadual de Ensino. Ela começou a atuar na área da educação em 2012, por não ter muito espaço em outras áreas de sua profissão em Mato Grosso. Durante sua graduação, inclusive, ela teve contato com um ateliê de costura, e a partir deste ponto a relação de Bruna com a arte começou a brotar.

Foi em meio ao tratamento que fazia, com acompanhamento médico, após sofrer a crise dissociativa, que ela optou por procurar aprender a fazer bordado. Ela buscou tutoriais no YouTube e começou a aprender sozinha em casa. A primeira peça foi finalizada em abril de 2019, e Bruna não esconde o apreço que tem devido a importância que o bordado passou a ter em sua vida.

“Comecei a bordar porque eu estava muito doente e eu estava afastada das aulas. Eu tinha acabado de pegar afastamento. Eu estava me sentindo muito ociosa. Eu lia muito, mas não queria passar o dia inteiro lendo. Lembro que tinha visto alguns bordados bonitinhos na internet e pensei: ‘acho que consigo fazer isso aqui’”, explica ao Olhar Conceito.

A comercialização das peças demorou um pouco. Ela enxergava o bordado muito mais como um hobby e não visualizava muito como um negócio, apesar de ter participado de uma feira artesanal na capital mato-grossense. A decisão de transformar a prática um negócio e começar a vender algumas peças partiu da sugestão de amigos e familiares, quem receberam as primeiras peças.

Inicialmente, Bruna fazia algumas peças por encomenda, mas por se sentir “presa” criativamente optou por comercializar peças únicas feitas por si. Ela ainda aceita alguns pedidos, mas depende da demanda. “Eu estou na escola, então meu tempo para bordar está bem reduzido”, acrescenta.

Durante a pandemia no novo coronavírus, Bruna se viu presa em casa, trabalhando em sistema de homeoffice - o que ela enxerga como um verdadeiro privilégio visto que o mesmo não acontece com os demais mato-grossenses, que precisam sair de suas casas para conseguir sustento. O bordado, inclusive, tem servido como uma válvula de escape para este cenário. 

“Praticamente está perdendo dois anos de estudo. É muita coisa e para a gente é muito dramático acompanhar e pensar sobre isso. (...) Isso foi um dos motivos para deixar a agenda relativamente aberta porque eu só pego os bordados que eu sinto prazer em fazer. É isso. Eu quero sentir prazer pelo menos no momento em que estou bordando”, conclui.

Todo o trabalho de Bruna está disponível no Instagram. Acesse aqui.
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