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Artista cuiabano conta com ajuda de intérprete de libras para tatuar braço de surdo: 'gratificante'

Da Redação - Pedro Coutinho Bertolini

Com auxílio de intérprete de Libras, o artista e tatuador cuiabano, Guilherme Morais realizou sessão de tatuagem em Luiz, que aconteceu no último sábado (22). Sem saber que o futuro cliente era deficiente auditivo, Guilherme enviou um áudio a Luiz no primeiro contato que tiveram, a respeito do desenho que faria no braço do rapaz. Foi aí que Luiz contou que era surdo e o artista teve a ideia de procurar Isnara, responsável por traduzir a conversa de ambos durante a sessão.

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Guilherme contou ao Olhar Conceito sobre as dificuldades de se estabelecer um diálogo com o cliente surdo. No primeiro contato, eles usaram o celular para se comunicar, mesmo presencialmente.

Diante dessas dificuldades, já com a arte alinhada entre os dois, Guilherme procurou uma intérprete de libras para poder dar uma sessão melhor para seu cliente, para que ele se sentisse mais a vontade no estúdio.

Por acaso, Guilherme tinha uma cliente antiga que é intérprete. Foi aí que Isnara entrou na história. “Guilherme, você não sabe o tanto que isso é importante para eles, pois eles não tem isso em lugar nenhum. Isso é muito importante pois eles deixam de ir em vários locais por conta dessas questões comunicativas”, disse Isnara.

Isnara explicou que conheceu o tatuador quando estava finalizando o curso de interpretação de Libras em Cuiabá. Ela fez uma tatuagem com Guilherme e, durante a sessão, conversaram sobre seu trabalho de intérprete. A sessão de Isnara foi em 2019.

“Quando eu cheguei ao estúdio e vi que era o Luiz e a Letícia me senti mais confortável, porque já nos conhecíamos de antes. [Praticamente todo ano os surdos fazem festas para se reunir - e eu fui em uma dessas festa e conheci o casal]. Foi surpreendente como o Guillys conseguiu facilitar a comunicação e melhorar o atendimento. O Luiz ficou muito feliz porque pode se comunicar sem ajuda do Cel”, contou a intérprete. 

Para Guilherme, tatuar Luiz foi algo gratificante pois ele não fazia ideia de como teria que se esforçar para entregar uma sessão tranquila e confortável para seu cliente surdo. Além disso, pontuou que acessibilidade transborda a dificuldades ‘mais comuns’ dos cadeirantes. Para Guilherme, ‘não é somente isso’.

“Existem muitas outras pessoas precisando de algo que é tão simples para nós, que para eles pode ser marcante. Fui “batizado” com um sinal. Como em libras para falar seu nome teria que fazer os sinais de cada letra, eles [Luiz e sua noiva Letícia] me batizaram com um sinal só meu para eu poder me apresentar aos surdos daqui para frente”, explicou Guilherme.
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