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Notícias / Comportamento

Epidemiologista que depôs em CPI e foi alvo de ataques de Bolsonaro dá entrevista a podcast de MT

Da Redação - Michael Esquer

O epidemiologista, professor e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, participou do quarto programa da segunda temporada do Áudio Zap Povos da Terra, publicado nesta quinta-feira (1º). O podcast mensal é desenvolvido por lideranças indígenas, estudantes indígenas e não indígenas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e desde o ano passado divulga informações sobre a Covid-19 em línguas originárias para povos de Mato Grosso. 

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“Na verdade, as variantes são praticamente uma consequência do descontrole da pandemia no Brasil. A gente nunca ouviu falar da variante autraliana ou da variante coreana, ou da Nova Zelândia,  porque são países que estão controlando muito bem a pandemia”, disse o docente em entrevista concedida ao último episódio do podcast.

Na última semana, o docente — que ganhou destaque nacional após ter sido alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais e, sobretudo, de um processo movido pela pela Controladoria Geral da União (CGU) por críticas a conduta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à pandemia — esteve na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, na condição de convidado, onde falou sobre a importância de medidas não farmacológicas no enfrentamento da pandemia. 

Responsável por uma das pesquisas mais importantes sobre a pandemia no Brasil, o Epicovid, o pesquisador apresentou na comissão, a conclusão de que o país poderia ter evitado até 400 mil mortes por Covid-19, caso tivesse adotado medidas necessárias para conter o avanço da doença.  Ao programa mato-grossense, o pesquisador enfatizou, novamente, a má condução da estratégia nacional adotada pelo Governo Federal.  

“Em um país que não tem campanhas oficiais bem feitas, uma política de saúde que siga a ciência, as variantes encontram terreno fértil para surgir, como a P.1, por exemplo, que é a principal no Brasil hoje, ou, então, para se multiplicarem, como é o caso das variantes dos outros países que circulam livremente no Brasil. A combinação de uma falta de campanhas oficiais assertivas, de políticas de saúde anticiência faz com que as variantes tenham solo fértil para se reproduzirem assim”, disse ao programa. 

A 4ª edição da segunda temporada do “programa” foi publicada nesta quinta-feira (1º), com informações sobre o aumento do contágio pela Covid-19. Em cada produção, especialistas e profissionais de saúde dão orientações a respeito das formas de transmissão e contágio, além das complicações decorrentes da covid-19, bem como as formas de tratamento e combate. 

Sobre projeto

O Projeto ÁudioZap Povos da Terra atende às comunidades de sete etnias de povos indígenas localizadas em Mato Grosso. A iniciativa tem o objetivo de levar informação de forma transparente e de fácil entendimento nos idiomas nativos dos povos Bororo, Chiquitano, Kurâ-Bakairi, Paresí, Tapirapé, Umutina e Xavante, do estado de Mato Grosso.

Os áudios encaminhados aos povos indígenas possuem todas as informações necessárias referentes ao novo coronavírus. Além da distribuição de celular para celular pelos próprios indígenas, os materiais de cada episódio e em cada língua também são disponibilizados no Spotify e em seu perfil no Instagram.

Atualmente, os locutores do projeto são: Tereza Cristina ( Paresi), Leomir Uri'õ (Xavante), Mogoxe Bakairi (Bakairi), Jessica Apadonepa (Umutina), Luciene Jakomeareagecebado (Bororo) e Yakari Kuikuro (Kuikuro). No quadro de entrevistas, o programa já entrevistou

Também integram o trabalho os estudantes: Camila Aparecida Modesto Rondon; Danilo Cavalcante Brambila de Barros; Diego Roberto Silva Cavalcante, Emília Pewa'u Top'Tiro; Felipe Gleidson Seraine Gonçalves e Silva; Jenisson Edy Viana Bartniski; Luísa Guimarães Gratão; e Rogério Antônio de Lima Júnior.
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