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Notícias / Comportamento

Circo retoma atividades em Cuiabá após meses parado na pandemia: “só a bilheteria como renda”

Da Redação - José Lucas Salvani

“O circense só tem a bilheteria como fonte de renda”, afirma Geovane Brascuper, de 51 anos. Com as medidas de biossegurança em seus momentos mais restritos, circos de todo país não puderam realizar shows presenciais. O Internacional Circo Kroner, por exemplo, ficou “preso” por nove meses em Tangará da Serra (a 251 km de Cuiabá), por conta da pandemia do novo coronavírus, e em agosto retomou suas apresentações na capital mato-grossense.

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“Nesses nove meses em que estivemos nesta cidade, passamos os piores momentos da nossa história. Devido à pandemia, não pudemos realizar os nossos espetáculos por muito tempo, mas vivenciamos os melhores momentos, pois nas dificuldades tivemos a oportunidade de conhecer pessoas que ficarão marcadas em nossas vidas”, afirmou o Circo em dezembro, nas redes sociais.



“O circense pode se virar com qualquer tipo de trabalho”, explica Geovane, então durante os períodos mais duros muitos buscaram novas ocupações: motorista de aplicativo, ajudante de pedreiro, entregador e ambulante. Já algumas pessoas voltaram para suas cidades de origem e, infelizmente, acabaram não voltando, pelo menos por enquanto, a trabalhar no circo.

“O circense só tem a bilheteria como fonte de renda. Não temos patrocínio. Não temos ajuda do governo. O que realmente ajudou a gente foi a população. Vieram com alimentos, gás e água. O básico tivemos ajuda da população. Agora outras contas, como cartão de crédito, está tudo enrolado ainda. Com o decorrer do tempo, vamos botar tudo em dia”, explica ao Olhar Conceito.



Geovane é uma das novas pessoas no Circo Kroner, sendo responsável pela apresentação do show e direção artística da casa. Quando a equipe de reportagem esteve no circo, fazia pouco mais de uma semana que estava junto do Kroner. Antes de desembarcar neste picadeiro, Geovane estava no Circo Marcos Frota, um dos primeiros no país a retomar suas atividades presenciais, em Manaus.

Na capital do Amazonas, inclusive, Geovane contraiu covid-19 e precisou ficar internado por cerca de sete dias. O quadro do circense não avançou ao ponto de precisar de oxigênio, apesar de ficar com 50% do pulmão comprometido. Uma grande sorte se levar em consideração que a internação dele aconteceu uma semana antes de 14 de janeiro de 2021, quando se iniciou uma crise no estado pela falta de oxigênio em um dos momentos mais críticos de contaminação.



Famílias

Em um total de 69 pessoas, são 32 famílias no Circo Kroner, de diversos lugares do Brasil e América Latina, como Peru, Chile e Argentina. Diariamente, a rotina funciona da seguinte forma em Cuiabá: ensaios no período da manhã ou logo após as apresentações à noite, por conta do calor cuiabano, e manutenção de equipamentos, estrutura e limpeza do picadeiro no período da tarde. Durante à noite, o picadeiro ganha vida com as apresentações.

A família de Geovane é tradicionalmente de circo. O avô era palhaço e conheceu sua esposa em uma das cidades que o circo que trabalhava à época passou. A história se repetiu com Geovane e sua atual esposa, que a conheceu em Belém do Pará. Os dois estão juntos há cerca de três anos.



É comum encontrar nesses lugares pessoas que já estão ultrapassando diversas gerações tendo como fonte de renda o circo. Kelvin Ribeiro, de 19 anos, é uma dessas pessoas e faz parte da sexta geração de circenses de sua família. Ele embarcou na carreira circense aos 11 anos, no globo da morte, e depois passou para a iluminação. Ensinado pelo pai, ele agora é um dos arqueiros do Kroner.

O Internacional Circo Kroner está instalado no Parque de Exposições da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). Para adquirir ingressos, basta acessar o Guichê Web.
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