Da Redação - Michael Esquer
A Exposição Transmutações será inagurada, nesta quinta-feira (24), na Arto Galeria, localizada na Avenida Dom Bosco, em Cuiabá. A apresentação deve fazer um passeio pela obra do fotógrafo João Carlos Bertoli, a partir da curadoria do fotógrafo carioca Walter Firmo, considerado um dos maiores nomes vivos da fotografia brasileira. O evento também conta com a realização de um Workshop fotográfico.
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De acordo com a assessoria da exposição, o visitante pode esperar um mergulho profundo em trabalhos que vão muito além da captação de momentos e imagens através das lentes de suas máquinas fotográficas. Composta por 32 fotografias, a exposição é dividida em quatro temas, todos intimamente ligados a Mato Grosso.
Ainda conforme os organizadores, grande parte das imagens foi feita no Cerrado mato-grossense, um dos biomas mais importantes do estado e do Brasil, que têm sido castigado e mal tratado por queimadas devastadoras nos últimos anos.
Nas fotografias, João Carlos usa o cerrado como cenário para interferências de grande impacto visual, com a participação das modelos e amigas Oz Ferreira e Mariana Prates. “Eu acho o Cerrado, depois que pega fogo, uma coisa muito teatral, cenográfica e sempre quis fazer alguma coisa nesse ambiente”, revela.
Oz Ferreira, que fará uma performance na noite do vernissage (evento cultural que organiza pintores, escultores e fotógrafos), relembra que quando as fotos foram feitas, em 2020, o Cerrado agonizava, as árvores retorcidas mais pareciam esculturas de carvão.
“A criação da performance fotográfica e escolha de elementos usados foram cuidadosamente experimentados neste cenário árido, em um mundo de cabeça pra baixo e confuso, com o pedido expresso de reconexão. Como as árvores, todos se retorciam e se incendiavam junto com Cerrado. O corpo não podia posar pra foto. Tinha que se conectar. Estar. Ouvir. Ser”, diz Oz.
Ainda conforme a assessoria do evento, também é do Cerrado que João capta abstrações, durante suas andanças pelo mato onde enxerga muitas figura mitológicas em pedras, paus e árvores. A mostra traz ainda um pouco de sensualidade e outras imagens que, segundo o fotógrafo, são um pouco mais palatáveis, mais conhecidas, que são as paisagens mato-grossenses.
No texto sobre a curadoria, presente no catálogo, Walter Firmo apresenta João Carlos como um “Um homem de muitas partituras”. E diz que “João Carlos nos coloca na primeira fila junto a um palco iluminado, frente as suas produções teatrais, tangidas sob uma iluminação permanentemente nublada, como se estivéssemos em estúdio, cuja claridade filtrada nos faz viajar num mundo sem sombras, no opaco das formas entre curvas femininas, alinhadas a um desacerto de formas do grande e mutante Cerrado”.
E continua: “Em ‘Transmutações’, um desfile se faz. Dividido em alas, magnetizando o público pela leveza da proposta e o inusitado das cenas, nada repetitivas, entre troncos retorcidos, folhagens, reflexos, detalhes de uma natureza cósmica plantada diante de nós e pranteada pela sensibilidade desse moço”.
Sobre João Carlos
Esta será a primeira exposição fotográfica de João Carlos Bertoli, cuja carreira teve início em 1995, após se formar no curso de Cinema na FAAP-SP (Fundação Armando Álvares Penteado). Sócio proprietário da Produtora Lamiré Cinema e Vídeo – Cuiabá-MT, João Carlos vem atuando como diretor cinematográfico e diretor de fotografia na produção de filmes publicitários, tendo sido premiado em várias produções de destaque nesse mercado.
Segundo ele, a ideia da linha da exposição é mostrar um pouco do seu trabalho e alega que muita coisa ficou para trás. “O que vai ser exposto é só a produção digital – eu ainda tinha muito trabalho em chroma principalmente, mas quando o Walter viu esse trabalho mais novo achou melhor ir nessa direção”.
Ele conta que, apesar de profissionalmente ter trabalhado muito mais com fotografia de cinema ao longo de toda sua vida, desde a faculdade vem fazendo fotos. “Eu precisava entender o que era importante, o que compensava manter, o que valia a pena ser mostrado. Então procurei um curador para que me desse esse suporte. Precisava de uma referência, um nome de peso da fotografia e me lembrei do Walter (Firmo), com quem já tinha feito um curso no Rio (de Janeiro), e depois encontrado no primeiro Salão de Fotografia do Sebrae em Cuiabá”, resume.
A primeira exposição acontece na Arto Galeria, fundada por sua mãe, Glória Alice Ferreira Bertoli e José Guilherme Barbosa Ribeiro, grandes colecionadores de obras de arte e incentivadores culturais. Aberta há quase oito anos, a Arto sempre preza em seu acervo, tanto comercial como permanente, pela sua atualização atenta por expressões genuínas e de vanguarda no estado.
Workshop
Ainda conforme a assessoria da exposição, no período de sexta-feira (25) à domingo (27), Walter Firmo ministra o workshop “Só se vê bem com o coração”, cuja programação será composta de aula presencial no primeiro dia, das 19 às 22h; saída fotográfica no sábado (das 9h ao meio dia); e avaliação da saída no domingo (das 9h ao meio dia). Os participantes devem dispor de câmera digital ou celular.
Walter adverte que seus workshops vão além de um resgate de sua vida fotográfica, em que conta histórias e mostra como foram feitas algumas imagens que se tornaram icônicas, e não apenas uma visão estética a quem possa querer ser um fotógrafo.
“São também uma aula de vida àqueles que se sustentam ouvindo causos e exemplos existenciais, de quem aprendeu vivenciando a cada dia, a cada hora, lições de fotojornalismo, escalando o fantástico, o surreal ou o verdadeiro”.
Serviço: