Mari Bueno, artista que vive em Sinop desde 1979, MT, teve sua obra “Maria as Pressas”, criada em 2019, entregue ao Papa Francisco um dia antes de o líder da Igreja Católica fazer a consagração da Rússia e Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, em 25 de março de 2022. Na ocasião, Francisco disse gostar de pensar em Nossa Senhora com pressa em ajudar e guardar. E foi nesse contexto que Francisco recebeu o quadro. Para Mari, “foi um momento muito especial, muito mais especial do que eu imaginava”.
Leia mais:
Artistas de Chapada dos Guimarães são premiadas em Bienal com "Envenenada", obra que critica o uso de agrotóxicos e o avanço do agro
Premiada e reconhecida mundialmente por suas pinturas inspiradas nas características da Amazônia para retratar a cultura indígena, a fauna, a flora, e a inculturação na Arte Sacra, Mari Bueno contou em entrevista ao
Olhar Conceito que “Maria às Pressas” surgiu em 2019 após notícia de que o Papa sentia falta de uma obra que retratasse “Maria in fretta” (às pressas em italiano).
A inspiração logo veio e Mari pintou a mulher dinâmica, de ação e que foi retratada nos evangelhos como a primeira discípula e missionária de Cristo. A imagem faz referência ao episódio que Maria sai às pressas para ajudar sua prima Izabel durante uma gravidez tardia. Com a obra feita, a artista aproveitou que iria expor em Roma, na Itália, e a levou ao velho continente com intuito de entrega-la ao Papa.
“Então eu resolvi criar essa obra e aproveitei pra levar para a Itália em 2019 quando eu estive no mês de outubro fazendo uma exposição individual na sala estampa do Vaticano durante o Sínodo da Amazônia”, explicou.
Porém, diante da pandemia, a entrega não foi possível. Somente em 25 de março de 2022, três anos depois da criação, o quadro chegou para Francisco. No dia, durante a consagração aos países em guerra, o Papa comentou, na celebração da liturgia penitencial na Basílica de São Pedro, que gostava de pensar em Nossa Senhora com pressa em ajudar e guardar. O quadro foi dado ao Papa, então, neste contexto de benção e ajuda aos envolvidos na guerra.
“E quando eu soube que eles entregariam naquela semana que era a semana da consagração fiquei muito feliz, fiquei muito grata a Deus porque realmente foi um momento especial e a arte sacra como sempre tem seu papel de ser catequética, evangelizadora. E estava realmente sendo entregue num momento muito especial que era aquela semana que o papa estava realizando a celebração de consagração da Rússia e da Ucrânia a Nossa Senhora”, contou Mari.
Os detalhes da obra
- Roupa verde: é a cor mediadora, tranquilizante, restauradora, da esperança na ressurreição, do nascimento e da renovação.
- Suas vestes têm sete pregas, a oitava está sobre seu ventre indicando a nova criação.
- Véu azul: cor mais profunda e menos material, da verdade, da transparência e da fidelidade.
- As sandálias são símbolos dos viajantes, dos peregrinos, apresenta Maria, a Discípula missionaria disposta a iniciar sua caminhada com Jesus.
- As mãos de Maria são sinal de entrega e disposição para estar a serviço do próximo, caminha ansiosa para a casa de Isabel.
- Carrega consigo uma pequena bolsa, sinal da disponibilidade de sair de seu lar e caminhar às terras montanhosas para servir.
- Sobre sua cabeça o sol, também sinal de Cristo, a Luz, que está por vir. Com três arcos dourados, cor do Divino e sinal da Santíssima Trindade.
- Sob seus pés o caminho, de um lado flores, mostrando a alegria de Maria com seu “sim”, sua disposição para colaborar com a Salvação. Do outro as rochas, sinal do caminho que inicia, também nas dificuldades, mas na fé que a move, a rocha como sinal de Deus, a fortaleza e salvação.
Sobre Mari Bueno
Artista sacra natural do Paraná que reside em Sinop, MT, desde 1979, realizou exposições e recebeu 26 premiações no Brasil e em países da Europa.
Entre museus europeus que tem suas obras no acervo estão, o Museu de Arte Sacra e Etnologia no Santuário de Fátima e o Museu Tesouro da Misericórdia em Viseu, Portugal.
Participou de Bienais na Itália e em Londres, onde ganhou menção especial por sua participação.
Na Itália, estudou técnicas de mosaico, pintura, desenho e iconografia. Associada da Academia Marial de Aparecida, em 2019 criou a arte para o XIII Congresso Mariológico no Santuário de Aparecida.
Em setembro de 2019 realizou a exposição individual “Amazônia” na Sala Stampa do Vaticano em Roma durante o Sínodo da Amazônia.
Pós-graduada em Arte Sacra, Espaço Litúrgico Celebrativo e Mariologia, é membro da Pastoral do Artista Sacro da CNBB e professora da pós-graduação em Mariologia pela Faculdade Dehoniana e Academia Marial de Aparecida.
Reconhecida no Brasil e no exterior, projetou e executou mais de 3000 m² de arte sacra em Igrejas e capelas em várias regiões do país, entre elas a Catedral de Sinop.