Pampa de 89 é reformada de surpresa por noivo e usada para entrada da noiva em casamento em Chapada
Da Redação - Bruna Barbosa
A Pampa azul, de 1989, do paisagista nordestino Francisco Miguel Lima se tornou relíquia na família da empresária Fabíola Rodrigues Lima, de 42 anos, quando o pai faleceu de câncer. O veículo que era um instrumento de trabalho, onde Francisco carregava máquinas e plantas, ganhou protagonismo no casamento de Fabíola, no sábado (31), na Casa do Vale, em Chapada dos Guimarães, quando fui usado para a entrada da noiva.
A reforma da Pampa foi uma surpresa preparada pelo marido da empresária, Leonardo Stefan Tavares, de 42 anos, que ficou responsável por uma reforma geral, desde a pintura aos estofados e a parte mecânica. "Ele falou que a Pampa estava vindo e nada de chegar, eu perguntava: Léo, cadê essa Pampa? Na verdade, a surpresa foi a reforma, não sabia que ele tinha reformado tudo. Ele trocou os bancos, arrumou toda mesmo, então foi uma surpresa a reforma da Pampa, mas sabia que ela estava vindo para Cuiabá".
Apesar de ser usado pelo pai na rotina como paisagista, a Pampa fazia sucesso quando Francisco ia buscar Fabíola e a irmã dela no Colégio São Gonçalo, onde elas estudavam. Outras crianças do bairro Coophamil, onde a família morava, também pegavam carona e não demorou para que a Pampa de Francisco se tornasse famosa.
"Ele sempre ia buscar com a Pampinha, não só a gente, o pessoal da rua que estudava no São Gonçalo, a gente morava no Coophamil, então tinha bastante amigos. Então, a Pampa era bem conhecida na nossa infância. Nesse meio tempo, crescemos, cada uma pegou seu rumo e meu pai adoeceu, ele teve câncer".
Quando a empresária estava com sete meses de gestação, o pai morreu por conta do câncer. Ela conta que a Pampa sempre foi uma parte importante da história da família e representa a luta de Francisco para realizar os sonhos das filhas.
"Meu pai melhorou de situação, comprou a caminhonete, que era um sonho dele também, mesmo assim não desfez da Pampa. Depois que ele faleceu, a minha mãe doou a Pampa para o meu tio Cícero, lá de Manaus, ela deu porque ele era colecionador de carros antigos, então a Pampa foi embora. Meu tio era muito próximo do meu pai, eram irmãos bem próximos".
O tio de Fabíola morreu do mesmo câncer que o pai dela teve e a empresária passou a pensar no paradeiro da Pampa. Um dia, quando estava indo trabalhar, mandou mensagem para a esposa do tio perguntando sobre o veículo e dizendo que gostaria de tê-lo de volta.
"Por causa dos netos, eu e a Paula queríamos ter ela de volta. Por coincidência, ela estava embarcando os carros antigos do meu tio para a Teresina. E ela falou: Fabíola, não tem problema nenhum, se você quiser te mando o contato da balsa e você combina. Meu esposo entrou em contato e enviaram a Pampa, ela está aqui em Cuiabá desde o ano passado, só que eu não tinha visto ela ainda, porque estava reformando".
Fabíola lembra que sempre soube que chegaria em seu casamento de Pampa, sonho que foi realizado no último final de semana. Espírita, ela se emociona ao dizer que sentiu a presença do pai na cerimônia.
"Achei que iria ficar emocionada, chorando muito, não fiquei, senti uma paz, uma tranquilidade. Entrei sorridente, tranquila, foi uma forma, não posso nem falar muito senão vou começar a chorar. E eu senti, meu pai estava ali, sou espírita, minha família toda é, ele que me tranquilizou".
Agora, a Pampa ficará estacionada na casa da empresária, que já nota os sinais de interesse do filho Gabriel pela herança da família. "É o primeiro da lista, é o que mais parece com meu pai, ele é super empolgado com a Pampa. A Pampa vai ficar na minha casa, mas é dos netos, é uma herança para os netos dele".