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Notícias / Comportamento

Modelo fica tão magra que seus órgãos começam a falhar

Marie Claire

 Nem sempre o mundo da moda é feito apenas de glamour. Às vezes as garotas, por sonharem com o status adquirido, chegam a fazer coisas bizarras para parecerem mais magras, como arrancar dentes para afinar o rosto (já falamos sobre isso aqui). Outro caso chocante é o de Georgina Wilkin. A modelo passou dias sem comer, ao ponto de quase desmaiar quando foi visitar seu agente em Londres. Ele, no entanto, perguntou: “Georgina, o que você está fazendo para ficar assim? Continue fazendo!”. A garota, na época com 16 anos, levou a sério aquelas palavras e passou os sete anos seguintes lutando contra a anorexia, ao ponto de ficar tão magra que seu coração e seus rins quase pararam.

"Todo mundo deveria saber sobre como as modelos são colocadas sob pressão", disse ela em entrevista ao jornal “Daily Mail”. Georgina, agora com 23 anos, insiste que a única maneira de impedir que modelos sucumbam aos distúrbios alimentares é que os clientes boicotem marcas que trabalhem com modelos abaixo do peso. A garota conta sua história na mídia para servir de exemplo e alertar as garotas dos riscos de vida pelos quais elas passam.Georgina, que vive com seu pai empresário e mãe paramédica no norte de Londres, foi apresentada ao mundo da moda quando tinha 15 anos, ao ser abordada por um olheiro enquanto passeava pela Oxford Street, em Londres.

"Na primeira visita à agência eles me trataram como a próxima Kate Moss, dizendo:" Oh meu Deus, você é tão única, estamos tão animados que você veio para nossa agência. Quem achou você? Podemos pagar-lhe uma bebida?" relembrou Georgina, que já fez trabalhos para Topshop e GAP. "Eu estava tão lisonjeada e animada quanto a minha mãe. Ela sempre torceu muito para que eu fosse bem-sucedida e não sabia muito sobre o mundo da moda.

Já no segundo encontro com seus agentes, ela percebeu o outro lado da profissão, quando, durante uma sessão de fotos, eles mediram cada centímetro do seu corpo, até os dedos das mãos. Em seguida, disseram que ela foi aprovada por um cliente para um casting em Tóquio, mas que a condição seria perder parte do quadril e uma polegada da cintura. Foi aí que deixar de comer tornou-se sua missão. “As única coisas que eu comia eram salada e vegetais. Mesmo assim, às vezes passava dois dias de jejum. Falava pros meus pais que ia trabalhar ou comer com os amigos, assim não tinha que me sentar a mesa de jantar com eles quando chegava do trabalho. Meus lábios e dedos eram azuis porque eu estava tão magra que o meu coração estava lutando para bombear o sangue em volta do meu corpo. O maquiador tinha que corrigir isso com corretivo. Perdi de fazer campanhas de joias porque nem os anéis mais finos ficavam nos meus dedos”, disse ela na entrevista polêmica.

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Pesando 53 quilos, com altura de 1,78 m (e mesmo assim, pressionada para emagrecer mais a cada semana), ela foi para o casting em Tóquio, mas ao chegar lá não acreditou no que viu: era uma das modelos mais gordas do teste e foi obrigada a ir para um apartamento com outras modelos (russas, que não falavam seu idioma) para se “cuidar” e viver à base de bebidas com energético e cafeína. Após voltar do Japão, sua família tentou alertar-lhe sobre o quanto ela estava ficando doente e insistiam para que ela comesse, mas Georgina sempre arrumava uma desculpa. Até que, quando não aguentou mais e desmaiou, foi internada e diagnosticada com anorexia de risco: seu coração estava prestes a parar e seus rins, de funcionar. Ela poderia morrer a qualquer momento.

No fim do tratamento de anorexia, Georgina chegou a mudar de agência e quase desfilou na Semana de Moda de Milão, para a Prada, mas foi recusada. Motivo: não era magra o suficiente. “Os estilistas dizem: você poderia se sair melhor se fosse mais magra. Essa frase penetra nas cabeças das modelos e tem um efeito devastador”, confessa a modelo, que passou por tudo novamente e esforçou-se ao máximo para emagrecer, até que aceitou ajuda. À base de remédios anti-depressivos e anti-ansiedade, Georgina decidiu sair das passarelas.

Hoje, aos 23 anos e estudando para ser designer de interiores, ela se sente pronta para alertar outras garotas e falar em debates sobre o assunto, como um que aconteceu durante a Semana de Moda de Londres. "Eu me sinto muito sortuda por ter sobrevivido, mas isso não tira minha revolta quando vejo meninas doentes por causa dessa pressão. A maioria das marcas de alta costura usam meninas anoréxicas em suas campanhas e a única maneira de parar com isso é se os clientes fizerem um boicote. Isso tem que parar".
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