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Entre internet e tecnologia, circo tem boa média de público em MT, sobrevive e continua a alegrar crianças

Da Reportagem Local - Ronaldo Pacheco


Eram quase 21 horas da última sexta-feira (19/06) quando Giovani Robattini, gerente geral do Parque e Circo Las Vegas, em Várzea Grande, deu início ao espetáculo, para cerca de 100 espectadores, na platéia. Se comparados aos bons tempos - décadas de 1950 até 1980 - em que recebia no mínimo 400 pessoas por sessão, o número é tímido. Para os dias atuais, todavia, concorrendo com internet, cinemas e outras tecnologias, um bom índice.

Instalado há menos de duas semanas no antigo Largo do Ipase, que já foi palco da extinta Feira Comercial e Industrial de Várzea Grande (Feicovag), e atualmente abriga a Justiça do Trabalho, o Parque e Circo Las Vegas é um dos poucos que consegue funcionar "no azul". E Robattini, que há 49 anos vive no circo, tem a explicação na ponta da língua: "somos um circo formado por uma família. Praticamente todos são parentes e, então, têm no sangue o compromisso de dar o melhor de si, em nome do coletivo".

Outra inovação: o circo possui um parque em sua área de abrangência, com direito a roda gigante, canoa pirata e carros bate-bate, entre outros brinquedos. O gerente geral explica à reportagem do Olhar Direto que é justamente para se manter vivo em pleno século 21, em um mundo de avanços tecnológicos, como cinemas ultramodernos em seis dimensões e videogames de última geração, além do instigante mundo virtual - na internet.

"A arte milenar do circo mostra que ainda tem seu espaço. Os espetáculos atraem multidões por onde passam. As atuações de palhaços, ‘globo da morte’, acrobatas e mágicos, entre outros artistas, despertam o riso e curiosidade de crianças e adultos", ensina Robattini. "Com uma vantagem primordial, poder interagir com público e perceber no mesmo instante a reação no rosto de cada um dos presentes", emenda o gerente geral.



"Nosso único trunfo para abrilhantar o espetáculo e concorrer com a enxurrada de aparatos tecnológicos são os efeitos de luzes, que ajudam o espectador a entrar no clima do número no picadeiro", ensina a subgerente Helena Robattini, com décadas de experiência. Ela explica que a temporada em Várzea Grande era pra ser curta - 30 a 40 dias, mas a boa resposta do público para o Parque e Circo Las Vegas mostra que a Cidade Industrial mantém viva a apreciação pelas apresentações.


O circo recebe em média quase duas mil pessoas por semana, em seis apresentações de quarta a domingo, em Várzea Grande. São cerca de 20 pessoas, entre técnicos de som e iluminação, vendedores, montadores de estrutura, e 11 artistas. “Todos sabem que o circo é uma arte milenar que não pode ser substituída por nada. É claro que como tudo tem suas mudanças e inovações, mas a essência é a mesma”, observou a acrobata e mágica Stefany Moreira, 23 anos, uma espécie de 'faz tudo' - desde mágica até venda de cachorro quente.

Ponto alto dos espetáculos, a performance dos palhaços é a preferida da criançada. O palhaço Alegria é responsável pela interação com o público. Uma das esquetes mais aplaudidas é sob o som da trilha sonora de "A Pantera Cor de Rosa", onde, sem mencionar sequer uma palavra, utilizando apenas gestos e um apito, arranca risos de crianças e quase todos os adultos.

Giovani Robattini é a quarta geração de artistas circenses da família, no Las Vegas, que se originou na primeira metade do século 20, em São Paulo. Já foi malabarista e passou praticamente todos os municípios brasileiros com mais de 30 mil habitantes.

Atualmente, Robattini se dedica à organização administrativa e financeira. Ele não é mais artista, porém, fica quase o tempo todo no palco, dando ordens.

Os estudantes Nathan Ronaldo, 15 anos, e Brenno Ronaldo, 13, saíram apaixonados pelo palhaço Alegria. "Eles sabem fazer a gente rir espontaneamente. Quem não ri, vive mal", sentencia Nathan Ronaldo. Os irmãos também gostaram dos brinquedos, em especial do carro bate-bate.

“As crianças de hoje precisam disso. Dessa interação e ver o palhaço e resgatar as antigas brincadeiras. Elas ficam muito no computador”, avaliou a dona de casa Rosangela Scolari, 46, oriunda de uma época em que o circo, em cidade pequena, sempre era a principal atração.

Os artistas circenses levam sua família para onde vão, por isso cada uma tem seu trailer. “Moramos bem. Temos tudo que precisamos”, ponderou o sonoplasta João Batista da Silva Robattini.  

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