Imprimir

Notícias / Artesanato

Chapada é declarada capital do bordado artesanal e sonho das bordadeiras é conhecer Parque Nacional

Da Redação - Isabela Mercuri

A cidade de Chapada dos Guimarães foi declarada na última terça-feira (8) capital do bordado artesanal da baixada cuiabana. O projeto de lei é da deputada Teté Bezerra (PMDB/MT) e entrou em vigor no mesmo dia em que foi publicado.
Grande parte da importância dos bordados da cidade vem do grupo Bordadeiras da Chapada. Criado há cinco anos, ele conta com 105 mulheres cadastradas, mas atualmente tem cerca de 50 que o frequentam regularmente.

Leia mais:

Bordadeiras de Chapada expõe nova coleção "Assunto de Cozinha" durante Chapada Gourmet
Poesia de Ivens Cuiabano Scaff foge dos livros e desabrocha em bordados para Copa; Entenda

Louriza Boabaid Yule, uma das bordadeiras e diretora da ONG Núcleo de Estudos e Organização da Mulher (NEOM), afirma que o principal diferencial das bordadeiras é que elas não trabalham somente bordando, mas também promovendo discussões sobre o empoderamento da mulher: “As bordadeiras surgiram há cinco anos a partir da ONG, que há mais de trinta presta serviço para o estado”, explica.

Em 2010, o grupo ‘Matizes Bordados Dumond’ veio até Chapada para realizar um projeto chamado “Bordando o Brasil”. Nele, mulheres carentes aprenderiam as técnicas de bordado:

“Mas essas mulheres não apareceram. Aí nós, que trabalhamos na educação, queríamos fazer o curso, mas as meninas do Matizes falaram que não éramos a clientela. A gente até brincou dizendo que éramos carentes do conhecimento”, conta Louriza. No final, ficou combinado que elas poderiam participar das aulas se depois procurassem essas mulheres de baixa renda para repassar o conhecimento.

E foi o que fizeram. Ensinando a técnica do bordado e do desenho, elas conseguiram juntar um grande grupo de mulheres que, hoje, bordam a fauna e a flora chapadense, o linguajar cuiabano e tudo que tem a ver com Mato Grosso. O grupo já viajou para dar cursos em Cuiabá e Jangada, e tem data para ir a Nobres: “Atualmente somos o único grupo de bordadeiras com este cunho educativo”.

Para Louriza, o decreto publicado ontem (8) mostra reconhecimento: “É uma forma de mostrar que nosso trabalho está sendo valorizado, e reconhecido como algo importante para a sociedade”. Apesar disso, ela lamenta a falta de atenção do poder público: “Hoje o maior sonho das bordadeiras é de conhecer o Parque Nacional da Chapada, porque como tem que pagar pra entrar, muitas não podem ir”.



Ela conta, ainda, que quando as bordadeiras foram para Jangada, foram convidadas pelo prefeito para visitar o sítio arqueológico Santa Elina: “E depois elas bordaram o sitio também. Hoje elas bordam o Parque, mas só com base em vídeos”.

As bordadeiras contam com ajuda de alguns grupos empresariais, mas a maior parte da renda vem da comercialização dos produtos. Para o natal, elas lançaram uma nova coleção: “Agora nos bordados os anjinhos são todos vestidos com roupas de plantas da chapada, tem a igrejinha da Chapada também”, finaliza Louriza.

O grupo se reune na Sala da Memória de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso.
Imprimir