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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

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‘PELOS BRASIS’

A 1,2 mil km de Cuiabá, ‘outra’ Chapada atravessa cinco municípios com 240 mil hectares de paredões, cachoeiras e nascentes

Foto: Pelos Brasis

A 1,2 mil km de Cuiabá, ‘outra’ Chapada atravessa cinco municípios com 240 mil hectares de paredões, cachoeiras e nascentes
Olá, viajantes! Esta é a primeira coluna ‘Pelos Brasis’ no Olhar Conceito e vamos trazer uma paisagem que pode soar familiar aos mato-grossenses acostumados a ‘subir’ para Chapada dos Guimarães (68 km de Cuiabá) para fugir do calor e ter um contato maior com a natureza. Estamos no interior de Goiás e não é só a distância que é maior aqui (são 1253 km de capital de MT). Tudo na Chapada dos Veadeiros é grandioso.
 
Para se ter uma ideia, são mais de 240 mil hectares de paredões, cachoeiras, nascentes, rios, poços e piscinas naturais que atravessam cinco municípios: Alto Paraíso de Goiás (o primeiro para quem parte de MT e tomado como base para a distância citada em relação a Cuiabá), Cavalcante, Teresina de Goiás, Nova Roma e São João d’Aliança.
 
Alto Paraíso de Goiás foi nossa porta de entrada. Uma cidade que guarda semelhanças com a ‘nossa’ Chapada dos Guimarães, com um ar ‘místico’, temas ufológicos por toda parte e uma praça movimentada, que atrai viajantes que vendem suas artes ali.
 
As opções gastronômicas são mais variadas: com padarias com produtos artesanais e de fermentação natural, bares, restaurantes italianos, parrillas, opções veganas e, claro, comida goiana. Mas se quer uma dica para sair do óbvio: vá ao indiano Namastê e peça um chicken tikka masala com muita pimenta (se você for acostumado a comidas picantes – não queremos que ninguém passe mal por nossa causa). São pedaços de frango assados em um tandoor - forno típico da Ásia e do Oriente Médio - e depois misturados em um molho de tomate, cebola e especiarias. Acompanha arroz, mas os pães indianos opcionais elevam o prato.
 

Vale muito conhecer Loquinhas, um complexo turístico com 20 atrativos naturais, entre poços e cachoeiras. As trilhas têm acesso fácil, com trânsito para idoso e crianças. Há estrutura com banheiros e cantina. O ingresso custa R$ 50 por pessoa e é super fácil chegar no local a partir do centro da cidade.
 

Pisamos na Lua
 
Ainda no município de Alto Paraíso, mas no distrito de São Jorge, fica um lugar fantástico: o Vale da Lua. O nome é fiel ao que o atrativo turístico oferece. Uma trilha pela vegetação do cerrado, cercada de paredões e com mirantes pelo caminho levam a uma formação rochosa com aspectos lunares. São crateras de diversos tamanhos, esculpidas pela natureza e atravessadas pelo Rio São Miguel. Ao final da caminhada sobre a formação rochosa é possível se banhar. A trilha tem dificuldade moderada e o custo para entrar no local é de R$ 40 por pessoa.
 

Pode cachorro?
 
Nos atrativos citados até aqui, nada de pets. Mas como viajamos com nossos dois cachorros, procuramos levá-los sempre que possível. E um ótimo lugar para se divertir com seus amigos de patinhas é a Praia do Jatobá, também no distrito de São Jorge. No local, além da praia já citada no nome, há uma sequência de piscinas naturais formadas ao longo do ribeirão que corta a propriedade. A trilha que leva às águas é de acesso fácil para pessoas de todas as idades e o ingresso custa R$ 30 por pessoa. No nosso caso, pagamos R$ 50 porque optamos pela opção de camping: estacionamos nossa kombihome sob uma árvore e passamos a noite. Os cachorros se divertiram muito e nós também. Ainda colhemos laranjas, abacates e goiabas para o café da manhã.



Outro lugar em que os cachorros se esbaldaram (e nós também!) foi na Posada Veredas, no município de Cavalcante. Além dos quartos, há área de camping, mas o que realmente interessa são as cachoeiras. E lá são quase 10 delas. Com difícil acesso e passagem liberada para ‘doguinhos’, a caminhada é feita por trilha aberta pela mata, em pedras sobre os rios e por meio de pontes. No caminho há cânions, poços e piscinas naturais. A cereja do bolo é a cachoeira que batiza o lugar. Ela é que tem o acesso mais fácil e é deslumbrante.
 
Tesouro natural e cultural
 
Não dá para ir embora de Chapada dos Veadeiros sem passar pelo Quilombo Kalunga Engenho II. Simplesmente porque lá tem a cachoeira mais famosa (e talvez mais ‘disputada’) da região. Estou falando da Santa Bárbara, queda d’água que destoa das outras pela beleza da cor azul. A entrada é de cerca de R$ 50 por pessoa, mas é obrigatório acesso com guia, cujo valor cobrado é de R$ 200 e pode ser dividido por grupo de até seis pessoas. O transporte até o local onde a trilha começa é de R$ 20 por pessoa.
 

Essa cachoeira fica dentro de uma comunidade quilombola, o que enriquece ainda mais o passeio. A gestão da cachoeira é feita pelos moradores locais e os guias credenciados são todos quilombolas. Nossa área de camping no Kalunga Engenho II foi o quintal de uma simpática moradora, que nos acolheu com todo o carinho. Ao lado do local onde se compra o acesso à Santa Bárbara há uma venda de produtos da comunidade, com toda sorte de doces, artesanato e artigos locais. Acabamos fazendo a feira e levamos sequilhos de doce de leite com limão, paçoca de pilão, chips de mandioca, biscoitos, café e brigadeiro de baru.
 
Não bastasse essas opções de dar água na boca, a comunidade tem restaurantes que servem verdadeiros banquetes preparados em fogão à lenha. Pagamos R$ 50 por pessoas para comer à vontade em um deles que servia peixe frito, galinha caipira, carne bovina ao molho, arroz, feijão, macarrão, quiabo, purê de abobora, abobora refogada, entre outras opções que não me lembro mais, além de variada salada e do ‘umbigo’ de banana, que marcou nossa memória.
 
Quando ir?
 
Uma das buscas mais relacionadas ao tema Chapada dos Veadeiros no Google é sobre que período do ano é melhor para visitar o local. A resposta objetiva que a internet lhe dá é entre maio e setembro. Isso porque nos outros meses é o período chuvoso, o que pode atrapalhar a visitação em alguns locais e aumenta o risco de cabeça d’água nas cachoeiras.
 
Nós fomos em janeiro, mês fora da recomendação, e obviamente a chuva foi, em partes, um ponto negativo. Exemplo disso foi o citado complexo Loquinhas. Lá, para a proteção de banhistas, a regra é muito clara: começou a chover, tem que sair, para que ninguém seja pego de surpresa por uma cabeça d’água. Logo que chegamos, a chuva começou e tivemos que voltar no outro dia (mas não precisamos pagar novo ingresso).
 
Por outro lado, a chuva nos ‘beneficiou’ na visitação à Santa Barbara. Lembra que falamos que ela é um dos atrativos mais ‘disputados’ da região? Não estávamos exagerando. Nos meses de julho, a procura é tamanha que chegam a distribuir 300 entradas por hora. Ou seja, o tempo é contado para ficar no local e a área fica lotada. Pois no dia em que nós fomos, o tempo estava nublado e acabamos contemplando uma das mais procuradas belezas de Chapada dos Veadeiros com apenas mais um casal e o guia que nos conduziu. A chuva estava fina e não alterou a transparência dá água. Chamamos isso de sorte.

Pelos Brasis é assinada pelos jornalistas Lucas Bólico e Isabela Mercuri. Acompanhe o projeto no InstagramTikTokYoutube e Spotfy
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