Quando ainda era adolescente, o cuiabano Leonardo Prado, de 27 anos, viu Beyoncé pela primeira vez em um DVD na casa de uma tia e ficou impressionado com a imagem da cantora na capa do álbum “The Experience”. Leonardo lembra que se identificou com as letras cantadas por Beyoncé e logo foi um busca de mais discos da cantora na feira do CPA 4, onde morava. 

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“Achei um DVD que era só a videografia da Beyonce, todos os clipes até aquele momento. Então tinha desde Destiny Child, é um DVD pirata bem famoso, vários fãs da Beyoncé já tiveram. Isso foi em 2007. Desde então sou fã dela, gosto muito do talento que ela tem, mas depois fui tomando consciência das mensagens que estão ali na música”. 

Em 29 e 30 de julho, Leonardo realizou um dos sonhos de infância quando conseguiu assistir dois shows da cantora em Nova Iorque. Desde a infância ele descobriu o quanto gostava de ter ídolos, foi assim com Xuxa, Rouge, Joelma e RBD, que ele já garantiu ingressos para a turnê no Brasil neste ano. 

“Sempre fui fã, na verdade, em geral. Gosto disso desde criança. Acho que desde os meus seis anos sou fã de alguém. As pessoas não entendem: ‘ele se desdobrou para sair de Cuiabá e ir até NY vê-la’, mas é porque eu gosto disso. Desde criança eu gosto de ser fã de alguns artistas específicos. Então, tem pessoas que não têm essa vontade e não entendem”. 

Leonardo viajou sozinho para os Estados Unidos pela primeira vez para assistir shows de Beyoncé. (Foto: Arquivo pessoal)

Até conseguir sua independência financeira, Leonardo lembra que os pais não tinham uma situação confortável o suficiente para viagens para assistir shows no Brasil ou conhecer outros países. Por isso, a viagem para Nova Iorque e a experiência que teve nos dois shows de Beyoncé tiveram um sabor diferente para o cuiabano. 

“Sair do Brasil não era uma realidade para mim e eu consegui, então para mim teve um gosto muito maior, muito saboroso.  Foi muito interessante e gratificante para mim enquanto pessoa conseguir me fornecer esses acessos. Não foi a minha realidade enquanto criança, adolescente e no começo da vida adulta”. 

Beyoncé e Leonardo separados por metros 

Leonardo embarcou sozinho para Nova Iorque, onde passou sete dias. Não ser fluente em inglês não impediu o cuiabano de se conectar com novas pessoas e experiências. Ele lembra que conseguiu comprar ingressos para a pista no segundo show de Beyoncé, quando ficou a poucos metros da cantora.

Um dos momentos mais marcantes descritos por Leonardo foi quando o olhar dele e de Beyoncé se cruzaram no MetLife Stadium, onde aconteceram as apresentações. 

“Quando ela cantou ‘Break My Soul’, ela passou na minha frente literalmente, fiquei a 5 metros de distância dela. Ela deu uma olhada e foi tudo para mim. Eu consegui ver as pintinhas que ela tem no pescoço, o cabelo de perto, junto com a olhadinha que ela dá para mim, foi muito marcante”. 

Os ingressos para a turnê em Nova Iorque estavam sendo vendidos por valores entre US$ 140 a US$ 5 mil. Os lugares mais baratos eram na arquibancada, onde Leonardo curtiu o primeiro dia de show por US$ 200. 

“Para comprar ingresso, achei que seria mais difícil, mas para mim não foi mais difícil porque conseguia pré-venda para fãs. Consegui o código e fui selecionado para entrar na pré-venda. Via durante as compras que em questão de minutos o assento que tinha visto antes já tinha sido vendido”. 

Shows de Beyoncé aconteceram do MedLife Stadium, em Nova Iorque, em 29 e 30 de julho. (Foto: Arquivo pessoal)

O cuiabano lembra que comprou o ingresso “no impulso” em fevereiro deste ano. Mesmo sem ainda ter feito o planejamento para viajar para Nova Iorque, Leonardo sabia que precisava garantir um ingresso para turnê, já que corria o risco dos tickets esgotarem. Apesar de rumores de uma passagem da turnê pelo Brasil, ainda não há confirmação de Beyoncé. 

“Realmente comprei por medo de não conseguir assistir o show no Brasil. Espero que a turnê venha para o Brasil, porque quero ir de novo e todos precisam ter acesso a grandiosidade que é esse show. A celebração que ele é mesmo. Não acreditei que seria possível”. 

Além de militante do movimento negro, Leonardo é vice-presidente da Comissão de Defesa da Igualdade Racial da OAB-MT (Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso). Por isso, as questões raciais tratadas por Beyoncé em suas letras foram importantes para Leonardo. 

No show, o cuiabano se emocionou quando Blue Ivy, filha mais velha da cantora, sobiu ao palco durante a apresentação de My Power, letra que tem significado importante para Leonardo enquanto um homem negro. 

Leonardo contou ter ficado com a estrutura grandiosa da turnê e o show de três horas de duração. (Foto; Arquivo pessoal)

“Em My Power a Blue Ivy sobe para dançar com ela, é um momento que o estádio vai todo à loucura. Então essa música, em conjunto com ‘Black Parade’ que ela canta em seguida, porque é uma música feita para celebração e sobre a vida da população negra. É interessante ver o público negro que está no show cantando e celebrando aquele momento junto com ela”. 

Apaixonado por Beyoncé, Leonardo não tem dúvidas em afirmar que viajaria novamente para assistir a cantora. No entanto, ele espera que a próxima viagem seja para uma apresentação no Brasil. 

“Se tiver outra turnê e eu tiver condições, com certeza eu viajaria de novo para ir. Porque além de viajar para ver o show, conheço uma cultura nova. Não pensaria duas vezes, desde que eu tenha condições para isso. Mas espero que a próxima seja para os shows no Brasil”.