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Sexta-feira, 06 de setembro de 2024

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destruído por incêndio

Fotos antigas mostram revolta após camelôs serem retirados do Centro e Shopping Popular se modernizando

Foto: Arquivo

Fotos antigas mostram revolta após camelôs serem retirados do Centro e Shopping Popular se modernizando
Em 21 de abril de 1995, durante a gestão de José Meireles, que assumiu a Prefeitura de Cuiabá após Dante de Oliveira renunciar para assumir o Governo de Mato Grosso, os vendedores ambulantes que trabalhavam na região da Praça Ipiranga e no beco atrás do Ganha Tempo, no Centro, foram retirados do local. A transferência para o bairro Dom Aquino, na capital, não aconteceu de forma pacífica e fotos da época mostram a revolta dos trabalhadores que temiam perder a fonte de renda e ver a clientela desaparecer. 


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Na segunda (15), o Shopping Popular foi completamente destruído por um incêndio. Mais de 600 comerciantes viram tudo que tinham ser consumido pelas chamas. O local não tinha seguro coletivo, assim como grande parte dos trabalhadores não possuíam proteção financeira individual. 

Em um documentário sobre a história do Shopping Popular, o deputado estadual Wilson Santos, que fez parte da gestão de Dante de Oliveira, quando ele foi eleito em 1986, contou que o então prefeito o orientou a “resolver a parada”. 

“Em 1986 chegamos com orientação do Dante para resolver a parada e, para isso, fizemos um cadastro socioeconômico. Tivemos um grande parceiro, que foi o coronel Meireles. Então, foi feita a padronização de carrinhos, uniformes, crachás… Pela primeira vez, conseguimos organizar o comércio ambulante”, conta em entrevista. 

Retirada dos camelôs teve protestos e pneus queimados no Centro de Cuiabá. (Foto: Arquivo) 

Foi quando a gestão decidiu criar o projeto do Shopping Popular. Sem acordo com o Poder Público, os camelôs, que temiam pela mudança, enfrentaram anos de embate com a Prefeitura de Cuiabá. Em 21 de abril de 1995, uma operação com mais de 500 policiais e 150 servidores municipais, os comerciantes foram retirados. 

Fotos e vídeos da época mostram trabalhadores desesperados. Em uma das cenas de arquivo, uma mulher grita: “15 anos de rua, criei meus filhos e estou criando meus netos, defendendo o meu pão, na área central”. Eles chegaram a queimar pneus e houveram prisões. 

A jornalista Sandra Carvalho, que escreveu um livro sobre a história do Shopping Popular, conta que, após a transferência para o bairro Dom Aquino, os comerciantes encontraram uma área descoberta, apenas com calçamento e dois banheiros. “Depois de toda a tentativa deles de evitar, a prefeitura fez a transferência. No dia teve resistência, eles enfrentaram a Polícia, mas eles foram transferidos mesmo assim. Lá no Dom Aquino não tinha nada, tinha só o calçamento, dois banheiros e uma salinha”. 

Trabalho debaixo de chuva e sol 

No bairro Dom Aquino, os comerciantes trabalharam no espaço sem cobertura, debaixo de chuva, sol e enchentes. Sempre unidos na luta por melhorias na profissão, eles criaram a Associação dos Camelôs do Shopping Popular.

Em meio às enchentes, os trabalhadores foram conseguindo benefícios como uma estrutura melhor para trabalho, além de estacionamento amplo e legalização da classe. 

O Shopping Popular de Cuiabá é o único que tem um Contrato de Concessão com a prefeitura e um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual (MPE).

Área para onde trabalhadores foram transferidos não tinha nada, apenas calçamento e dois banheiros. (Foto: Arquivo) 

Em 2014, o Shopping Popular, que já tinha se tornado uma referência entre os cuiabanos no quesito comércio passou pela primeira reforma, que modernizou a estrutura. A inauguração aconteceu no ano seguinte, em 21 de julho. Até 2020, a associação contabilizava mais de 600 comerciantes, além de gerar 2 mil empregos diretos. 

O Shopping Popular de Cuiabá é o único que tem um Contrato de Concessão com a prefeitura e um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual (MPE). Em abril deste ano, a associação fez o lançamento das obras de ampliação do centro comercial. 

Salas de cinema, academia e nova praça de alimentação 

O projeto da obra ambiciosa, que prometia modernizar ainda mais o Shopping Popular, previa a construção de uma nova praça de alimentação, ainda maior que a atual, além de espaço kids, academia, três salas de cinema e espaço para comportar mais 300 comerciantes. 

A obra previa a construção de oito pavimentos, sendo sete deles destinados a estacionamento. O número de vagas para carros saltará de 250 para mil, todas cobertas. A expectativa era de que a obra gerasse R$ 300 milhões aos cofres municipais nos próximos 22 anos.
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