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Domingo, 28 de abril de 2024

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Por que acreditam que o ensino-aprendizagem de latim não é importante?

Arquivo Pessoal

Primeiramente, gostaria de ressaltar que os estudos filológicos de vertente românica teve início, segundo Geraldo Mattos, em 1816, com a publicação da obra "Sistema de Conjugação do Sânscrito em comparação com o Grego, o Latim, o Persa e o Germânico", escrita pelo cientista alemão Franz Bopp (1791-1867).

No entanto, outrora a Filologia fora uma interface entre a filosofia e gramática. : O estudo filológico misturava-se, naturalmente, com as asserções gramaticais de caráter normativo e com pontos de vista filosóficos [...] (CÂMARA JR., 1986-a, 19) e os principais filólogos do período alexandrino foram Zenódoto (no século IV ou III aC.); Aristarco, famoso como intérprete de Homero; e Apolônio Díscolo.

Segundo, a língua latina é a raiz da qual as línguas românicas foram criadas e os manuscritos em latim são bases que auxiliam no trabalho científico-filológico

Mario Eduardo VIaro, um dos maiores etimólogos do Brasil e professor da USP, explica que
com o latim aprenderemos a compreender melhor o nosso idioma, que contém mistérios interessantíssimos. O latim serve-nos de trampolim para mergulhos mais profundos na nossa visão de mundo, no nosso modo de pensar, na nossa vida. Aquele que entende bem a mensagem que o latim passa em seus textos se questionará melhor e verá que antes de nossos valores, havia outros, muito distintos, mas perfeitamente coerentes, que merecem nossa admiração e respeito.

Enquanto que na nossa sociedade atual que aspira modernidade , onde tal língua encontraria espaço para ser propagada sendo que em nossos currículos educacionais o ensino das humanidades tem sido classificado como obsoleto?

Resgatar a cultura mundial é conhecer e reconhecer que tudo tivera um início e que o mesmo explica nossas origens.

O latim está presente em nosso cotidiano mesmo que disfarçado sob as mudanças fonéticas e morfológicas ao longo dos séculos que culminaram nessa diversidade lingüística.

Em suma, gostaria de inverter a questão e tentar saber o porquê de não estudar latim nos dias de hoje. Será que a nossa formação lingüística não seria importante para conhecermos a nos mesmos e aos outros?

*Jefferson Almeida é professor de línguas estrangeiras, estudante de letras da UFMT e membro do grupo de pesquisa “História do português brasileiro” da USP/UFMT. É amante de literatura, têm 24 anos e fala seis línguas.


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