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Domingo, 28 de abril de 2024

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O conhecimento e as escolhas na era do "Não sei"

Arquivo Pessoal

No artigo da semana passada, expus um pouco sobre algumasde minhas considerações sobre as relações humanas dentro dessa sociedade decadente e que cujos ideais foram perdidos pelos quarteis dos séculos.

Primeiramente, gostaria de ressaltar que tenho lido algumas teses que abordam a pós-modernidade através de um viés preocupante. Contudo, constatei que estamos em um momento de crise no pensamento da nova formação intelectual brasileira. As humanidades estão em crise. As licenciaturas estão degradadas e o ensino corrompido por um governo que insiste em aplicar, com sucesso, o fenômeno do “não sei”. O “não saber” está na moda!

Este não saber deixou de ser obsoleto e se tornou peça importantíssima para o escape do dialogo intelectual e da não busca pelo conhecimento, que por vezes, é tarefa árdua devido a muitos conceitos julgados modernos. O clássico perdeu a vida na modernidade e com ele morreu a tradição.

Pois bem, neste segundo momento, chamo a atenção a comportamentos adversos àqueles que são considerados normais ou como padrão para essa sociedade. Dentro de uma perspectiva filológica, viver em paradigmas seria viver como exemplo, modelo já que paradeiknyai, em grego, significa “mostrar lado a lado”, parafraseando, representar, mostrar.

Já a palavra modelo é proveniente do latim modulus que também dá origem à palavra modus, que vem a ser jeito, medida.

Mas qual seria a aplicabilidade desses termos em nossas vidas? O que fazer quando nos deparamos com pessoas que fogem a esses parâmetros e que tem acuidade para a percepção de outros mundos? O mundo é uma grande metáfora. Cada ser depende do seu mundo para criar a sua existência. Somos máquinas que são ligadas diretamente por conexões sentimentais, que paradoxo! Mas ser humano, é estar antitético, é viver paradoxalmente a outras realidades.

Muitos acreditam que não ser alheiro a assuntos de interesse cultural alto é sinônimo de inteligência ou de ser culto, discordo! Pois, como a própria palavra nos induz a sua interpretação, ser inteligente é ter a capacidade de escolha entre duas coisas: o inter e o legere.

O que gostaria de deixar claro é que viver em escolhas é viver em mundos opostos. Somos seres ambíguos por natureza. É-nos dado o direito de escolha no momento do nascimento ou genos que dá origem à palavra gente.

Portanto, nos tornamos gente a partir do momento que somos gerados e com isso nosso gênero denota a extração da nossa alma. Quando perdemos esse poder de escolha nós nos auto corrompemos, nos degenus, (degeneramos) e somente a partir de legere (escolha) que podemos regenerare (regenerar) – viver outra vez.

Não pensem que só gênios podem ser capazes de tomar decisões que conduzem a séculos de pensamentos proferidos porque, outrora, a palavra gênio era um adjetivo que caracterizava o humor e somente os antigos romanos que trouxeram essa concepção de divindade, que já se enquadraria a outro campo semântico.

Agora, opte pelo desenvolver da sua genialidade, escolha regenerar, faça nascer o mundo que você criou para si mesmo e não deixe que esse mundo externo o destrua.

E , para terminar, lembre-se que a palavra mundo, significa literalmente, limpo, elegante. Então, faça a sua escolha, usufrua a sua inter-legere.

*Jefferson Almeida é professor de línguas estrangeiras, estudante de Letras da UFMT e pesquisador em literatura francesa . É amante de literatura, filosofia e filologia, tem 24 anos e fala seis línguas. Fale com o autor : professeurjefferson@hotmail.fr


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