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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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Pós-modernidade em evidência: Robôs Assassinos na ONU

Arquivo Pessoal

Pois é, se você viveu o final dos anos 80 e os anos 90 certamente se lembra do “Exterminador do Futuro”. Arnold Swarzenegger, com seu carisma muscular, era a personificação de um futuro em parte ameaçador, em parte utópico onde as máquinas, numa rebelião genocida, aniquilam a maior parte da humanidade. Aparentemente, o destino não existe sem ironia. Como diria o Morpheus do Matrix, 'sim, os Robôs Assassinos estão chegando'.

Mas calma, ainda não precisamos fugir para as colinas (ou no caso dos mato-grossenses, para a Chapada) e não, isso não é brincadeira. Nessa semana a ONU realizou uma conferência no sentido de tentar vetar a construção de robôs (Drones) autônomos capazes de decidir se engajam ou não os alvos, capazes de decolar, pousar, reabastecer e se rearmar autonomamente. Testes bem sucedidos já foram feitos e o hardware e software já existem, em suma, a tecnologia já está disponível.

Houve uma pequena comoção na Internet quanto a esse prospecto. A Ficção Científica vem se tornando realidade cada vez mais depressa, ao que parece, e a maioria esmagadora da população não faz a menor idéia do que está acontecendo nos círculos que debatem o uso dessas Tecnologias.

A introdução dos veículos não tripulados foi rápida e eficaz por parte da Força Aérea americana a partir dos anos 2000 e hoje, metade do contingente de suas aeronaves são Drones, cerca de 7500 deles, mas até então eles eram para todos os efeitos, armas de controle remoto: Sofisticadas, letais e razoavelmente descartáveis, mas ainda assim um piloto as comandava. Algo como um videogame onde o escore não se conta em pontos, mas em Afegãos e qualquer outro infeliz que seja considerado um “insurgente”.



Forças Aéreas do mundo correram atrás do prejuízo e existem avançados programas europeus, russos, chineses e indianos no mesmo sentido, mas os EUA estão um passo adiante, agora querem tornar seus Drones autônomos, assim eles poderiam reconhecer alvos através de inteligência artificial e decidir sem intervenção alguma em quais utilizar “Força Razoável”, leia-se: um Míssil “Hellfire” com 10kg de explosivo plástico, capaz de pulverizar meio quarteirão.

Para complementar o pacote, a Darpa (divisão de pesquisas avançada do Departamento de Defesa dos EUA) vem trabalhando em robôs humanóides junto com a Boston Dynamics para serem utilizados em áreas de conflito, pesquise “Atlas Robot” e “Petman Robot” no Youtube e sinta-se igualmente perturbado com o avanço que eles fizeram nos últimos 4 anos. Não é nem um pouco exagerado imaginar que em 2020 eles tenham os primeiros protótipos operacionais, e sim, por mais ridículo que possa soar, faltam seis anos para o ano 2020, não consigo nem internalizar que já se passaram 14 anos desde o ano 2000, provavelmente estou ficando velho.

A Tecnologia é filha primogênita da Ciência, e esta mesma “família” permitiu que a nossa espécie dobrasse sua expectativa de vida em um Século, reduziu a mortalidade infantil em 70% pelo mundo, conquanto existam enormes quantidades de pessoas vivendo em situação de miserabilidade (em torno de 1 bilhão de pessoas), elas correspondem a 1/7 ou 14% da população mundial. Para quem não é muito ligado em história, isso é um número muito reduzido. Na Idade Média pelo menos 90% da população humana vivia na absoluta miséria e durante as Revoluções Francesa e Industrial o índice não era menor do que 60%, mas agora a Tecnologia pode realmente colocar em risco a nossa existência.

Esse risco, obviamente, não é novo. Na Guerra Fria nós o conhecemos bem de perto, eu ainda lembro de um tempo em que ter um Bunker Nuclear era uma medida sensata e que a palavra Chernobyl causava apreensão. Muito recentemente Stephen Hawking (o físico popstar confinado a uma cadeira de rodas) declarou que o advento de uma superconsciência artificial pode ser o maior e ultimo erro da humanidade. Sendo um dos membros mais brilhantes da espécie, não creio que sua opinião deva ser descartada sumariamente.

Na esfera completamente oposta temos Larry Page (o ultrabilionário dono do Google), Ray Kurzweil (futurista excêntrico e também bilionário), Michio Kaku (proeminente astrofísico nipoamericano) e inúmeros outros que pregam que os dias da humanidade como exclusivamente humanos já acabaram, que as máquinas já são parte de nós, os computadores são extensões de nossas mentes, os smartphones são praticamente implantes de realidade aumentada e que no futuro não haverá uma distinção nítida entre humano e máquina, que os robôs do futuro seremos nós mesmos e que lutar contra isso é, em suma, enxugar gelo.

Eu não sou dado a arroubos pessimistas ou apocalípticos e nunca fui visto usando um chapéu de papel alumínio, mas confesso que fiquei alarmado nessa semana quando o Exército Americano anunciou que está construindo robôs capazes de tomar decisões “Éticas”. Considerando que este mesmo exército andou tomando decisões de ética bastante questionável, vejo razões para estar apreensivo.

Por outro lado, não consigo visualizar uma maneira de 10 bilhões de pessoas, população provável da humanidade em 2040 segundo o site gapminder.org, sobreviverem sem um vasto aparato tecnológico para administrar a logística e infraestrutura necessárias para manter esse contingente, me parece também inevitável que assimilemos cada vez mais tecnologia. Se for esse o caso eu provavelmente vou ser um dos primeiros da fila para meus implantes cibernéticos. Se não posso lutar contra o Arnold, vou me juntar a ele.

Saiba mais clicando nos links (em verde):


Robôs Assassinos 

Ataque de um Drone 

Robôs Atlas e Petman 

Stephen Hawking

Robôs “Éticos” 

Dados sobre mortalidade infantil, expectativa de vida e população (em inglês)

Série “What does the future looks like” no Youtube (como será o futuro) uma série de palestras, buscar Ray Kurzweil e Michio Kaku, dentre outros.

* Victor Campos é formado em direito, é cientista social, poliglota e cozinheiro. Divide seu tempo entre a família, leitura compulsiva e videogame. Ocasionalmente também trabalha.

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