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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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Diário de bordo: Um bom fotógrafo também é um bom aventureiro

Um fotógrafo é, por natureza, um viajante. Não importa se é fotojornalista, publicitário, se faz casamento ou batizado, se fotografa guerras ou flores, recém nascidos ou paisagens longínquas. Se você não se sente tomado por uma real sensação de conhecer (e aceitar) outras pessoas, lugares e culturas, não seja fotógrafo.

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Um bom fotógrafo tem as qualidades do bom aventureiro. É paciente quando necessário e corre quando precisa. É tolerante, pois sabe que tanto no seu caminho, quanto à frente de suas lentes, passarão os mais diversos tipos de pessoas. Porque a luz nos toca à todos, sem exceção. Ricos, pobres, católicos, evangélicos, musculosos, magrinhos, gordos, gays, héteros, conservadores, porra-loucas, anarquistas, comunistas, facistas, ditadores e democratas, presidentes de bairro e de nações inteiras. Navegamos, como exploradores, em meio ao mar de diversidades que abraça o mundo. Somos obrigados à entendê-la, a respeitá-la. Que não se confunda respeito com covardia.

Também é missão, do viajante e do fotógrafo, tomar posição diante da injustiça. Ajudar quando necessário. Deixar a câmera ou a mochila de lado, quando assim for preciso. Atuar, mas evitar opiniões simplórias. A vida é tão complexa como as raízes de uma árvore. É preciso ter todos os sensores ligados para saber quando confiar e quando desconfiar. Trocar um pelo outro pode causas grandes estragos, para o fotógrafo e para o viajante. É preciso saber estar sobre sol, chuva, calor e frio. Caminhar pelo céu. Caminhar pelo inferno. Disfrutar e absorver seja qual for o caminho.

Me vêm à mente palavras de Amyr Klink, que dispensa apresentações como aventureiro mas que, poucos sabem, é um excelente fotógrafo:

“...Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver". (Amyr Klink - Mar Sem Fim)

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