Desde a adolescência, a publicitária e designer de sobrancelhas Yarim Mayma, de 28 anos, sonhava em viver a experiência de morar fora do Brasil. O sonho chegou a ser adiado por quase dois anos por conta do período de fronteiras fechadas pela covid-19. Em dezembro de 2021, ela e o marido, que também morava em Cuiabá, desembarcaram em Dublin, na Irlanda.
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Morando na cidade há pouco mais de um ano, Yarim coleciona vivências em países e trabalhos novos, além do casamento oficializado com o marido na Dinamarca. Para a cuiabana, a parceria do relacionamento é fundamental para que os dois vivam a experiência fora do Brasil.
“Meu marido é meu suporte emocional nos dias mais difíceis. O meu casamento foi uma experiência muito linda que vivemos a dois. Apesar de estarmos longe da família, sabemos o quanto ficaram felizes por nós. No futuro queremos fazer uma cerimônia na igreja, já que somos católicos e isso é algo muito importante pra nós”.
Há dois meses, ela retomou os atendimentos como designer de sobrancelhas fazendo micropigmentação e outros serviços nas clientes de Dublin. Além disso, Yarim também trabalha como faxineira em uma loja de departamentos no centro da cidade irlandesa.
A publicitária comenta que, muitas vezes, existem comentários preconceituosos sobre brasileiros que se jogam na experiência de viver fora do Brasil e trabalham em profissões como a dela. Apesar disso, ela confessa não se importar com possíveis críticas, já que está executando as metas que planejou quando decidiu se arriscar na Irlanda.
“Acho uma pena que as pessoas no Brasil tenham este preconceito em relação a quem vem morar fora e inicia neste tipo de trabalho. É óbvio que não é fácil deixar uma vida confortável no Brasil e recomeçar em outro país exercendo trabalhos braçais e cansativos. Mas no começo é normal, à medida que seu inglês melhora, as oportunidades de trabalho também melhoram”.
Mais de 70 mil brasileiros na Irlanda
De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores, mais de 70 mil brasileiros moravam na Irlanda em 2021. Yarim conta que, praticamente, 99% das clientes dos serviços de micropigmentação e design de sobrancelhas são brasileiras. A presença constante da cultura do Brasil no país da Europa ajuda a amenizar a saudade de casa.
“A comunidade brasileira em Dublin é enorme. A gente brinca que tem mais brasileiro que irlandês. Você escuta português toda hora, em todos os lugares, na rua, no ônibus, no mercado. Isso ajuda a nos sentirmos mais ‘em casa’, principalmente quando bate aquela vontade de comer uma comida específica. São várias opções de restaurantes brasileiros aqui e são sempre muito concorridos”.
Por conta da presença de tantos brasileiros em Dublin, Yarim conta que é comum optar por atendimentos de beleza, por exemplo, que são realizados por imigrantes do Brasil. Apesar das dificuldades, como a barreira do idioma e saudade da família, a cuiabana ainda não pensa em voltar.
“Ainda quero viver muito mais experiências e realizar sonhos por aqui. Mas não quero morar longe da minha família pra sempre, isso faz muita falta e é provável que daqui a uns anos isso pesa bastante”.
Para Yarim, um dos maiores aprendizados durante a vivência no exterior é sobre resiliência. Seja para lidar com a saudade da família ou com a ausência do calor que estava acostumada a ter em Cuiabá durante os meses escuros de inverno.
“No caso específico de Dublin, meu maior desafio foi me acostumar com o clima tão frio e principalmente a falta de sol, dias curtos e escuros. Aqui eu aprendi a valorizar o sol, que graças a Deus temos em abundância no Brasil”.
