O tutãra é um bivalve, espécie de concha endêmica do rio Arinos, localizado em Mato Grosso. Com ele o povo Rikbaktsa fabrica uma peça delicada, utilizada exclusivamente pelas mulheres. No vídeo "Tutãra – Patrimônio Rikbaktsa", os indígenas mostram o Tutãra, os saberes a ele ligados e o vínculo intrínseco com o rio onde é coletado.
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"O tutãra é importante porque a gente faz um enfeite tradicional, que é nosso colar de casamento", diz Lucinete Rikbaktsa, da Terra Indígena Erikpatsa, presidente da Associação Indígena de Mulheres Rikbaktsa (Aimurik).
A produção foi realizada pela associação junto com a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e a Rede Juruena Vivo a partir de uma expedição realizada em setembro de 2023 para a coleta do bivalve, dos caramujos waribubutsa e outros materiais para os artesanatos Rikbaktsa. O registro foi realizado pelo fotógrafo Adriano Gambarini, reconhecido por seu trabalho com meio ambiente, natureza e populações tradicionais.
No filme, é possível ver como é feita a coleta das conchas que só existem no rio Arinos, também conhecido como "rio das conchas". A obra capta de maneira sensível essa relação do povo Rikbaktsa com o rio e o bivalve, expressa no período certo de coletar para que as conchas estejam mais brilhantes, na troca de saberes entre as diferentes gerações e em outros conhecimentos que envolvem o colar.
"A gente vai continuar colhendo do mesmo jeito o tutãra, fazendo o artesanato e incentivando os jovens para eles não perderem a cultura", diz Romeu Rikbaktsa, cacique na Terra Indígena Japuíra.
O vídeo "Tutãra – Patrimônio Rikbaktsa", está disponível no YouTube da OPAN,
neste link.
Para mais informações sobre o bivalve e sua importância cultural, leia também reportagem da
revista Amazônia Nativa e o relatório técnico "
Saber, fazer, existir: o povo Rikbaktsa, o tutãra e o rio Tutãra Itsik".