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um fio de existência

O céu revela a imensidão do universo e o vazio humano; o antagonismo do bem e do mal

04 Jan 2014 - 17:00

Especial para o Olhar Conceito - Nina Moon

Foto: Reprodução

O céu revela a imensidão do universo e o vazio humano; o antagonismo do bem e do mal
Às vezes ao olhar o céu, o seu único questionamento era sobre o seu lugar no mundo. Estava só? Teriam outros que fitavam a lua e as estrelas como ela e pensavam sobre a vida e a humanidade? Haveria quem olhasse o céu e se deixasse consumir por devaneios? Precisava acreditar que sim. Precisava acreditar que ainda existe um tipo de sensibilidade que move a humanidade. Era preciso acreditar e se ater a este pensamento, antes que virasse fumaça.

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Mas, inerte, entregue aos seus devaneios, se viu parada no mesmo canto que detestava: a estagnação. Não podia acreditar que o mundo era tão diferente do que pintava quando criança: cheio de cores, amores e sabores. Agora, olhava a vida e só o que via era um mundo triste, cruel e cinza. Não havia cor. Não havia sabor. Não havia amor.

A televisão parecia constatar toda a sua indignação: corrupção nos governos, violência, guerras civis, guerras por poder, dinheiro, capitalismo, exploração. Não conseguia se encaixar naquele pedaço de mundo que vivia. Em seus devaneios era sempre livre, liberta. Mas então, se olhava no espelho e se via em uma prisão pior do que as penitenciárias modernas: a prisão da mente.

A sua consciência lhe mandava sinais de que era preciso se rebelar. Romper com os padrões. Seus pensamentos iam além, ela imaginava o que poderia fazer para mudar o mundo: atentados terroristas, ações de solidariedade, campanhas educativas, entrar para a política.

Porém, todas essas opções não traduziam o vazio que sentia no peito e que acreditava estar em todas as outras pessoas. Este vazio acreditava ser inerente a todo ser humano. E via o consumismo como um alarme do vazio humano. As pessoas estavam em incessantes compras para preencher um buraco que desconheciam. Não conseguia dar nome para aquele vazio.

Era só olhar para o céu que entendia o porque deste vazio crescente no peito. Mesmo que nos dias que correm apressados, muitas vezes deixasse de sentir para se blindar das misérias da vida, era só olhar para o céu e entender.
O vazio é o universo, e todo o universo somos nós. Era a única explicação. Afinal, nunca se encaixou em padrões: nunca leu a bíblia e as suas respostas vieram formuladas intuitivamente, ao mesclar os conhecimentos dos livros que leu e dos próprios sentimentos.

Não queria acreditar que o mundo fosse apenas maldade. Mas, sabia, não era ingênua a tal ponto de acreditar que não existe o mal. Sabia que o mal e o bem existem em todas as pessoas, em um eterno conflito, afinal, já dizia Sartre ‘o inferno são os outros’. Mas em sua adaptação: o inferno somos nós mesmos. E o céu também.

Para mudar o mundo, para tentar contaminar as pessoas com sentimentos, decidiu então, que a sua arma seria a escrita. Precisava esvaziar o vazio e para isso, era preciso expurgar toda a revolta, toda a dor e a incredulidade para fora. Queria acreditar. Precisava acreditar de todas as maneiras, que a vida poderia ser bonita, colorida, como sonhou um dia quando criança.

Não precisava de compras. Não precisava de doutrinas e nem de religião. Não precisava de televisão. Não precisava ser massificada como a humanidade pelas indústrias, pelo poder. E ainda assim, não tinha para onde fugir. O mundo era um lugar só e todas as injustiças estariam presentes para onde quer que fosse. Decidiu se recolher para dentro de si, e pregar em suas palavras, que é preciso acreditar em si e no amor. Acreditar que todo coração poderia desabrochar em esperança para o novo.
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