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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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Desenhos de outro universo nas mãos de Pogo Fiction prometem abrir a mente para o desconhecido

Foto: Pogo Fiction

Desenhos de outro universo nas mãos de Pogo Fiction prometem abrir a mente para o desconhecido
É preciso olhar com atenção para decifrar suas linhas, perpassar pela sua imaginação e então, adquirir um sentido que antes não havia, para divertir ou refletir. Assim é a Pogo Art, desenhos desenvolvidos por Pogo Fiction. E realmente, parece que seu universo foi tirado da ponta de um lápis com nome tão incomum. Mas é apenas para revelar que esta é a arte de Reginaldo Alves, vulgo Pogo Fiction, que aceitou abrir um pouco do seu mundo particular para o Olhar Conceito e ilustrar para nós, o que há de tão peculiar na Pogo Art.

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Pogo Fiction tem a história na mala: foi embora de Cuiabá para São Paulo para se aventurar com seus desenhos e assim abriu a Pogo Art. “Não sei ao certo como tudo começou, mas acho que surgiu de tanto os amigos me dizerem para mostrar as demais pessoas o meu trabalho. Então, fiz a página no Facebook e as coisas foram acontecendo, oportunidade de expor minhas obras, criar produtos, etc. não vou dizer que esteja sendo fácil a vida por essas bandas (risos), mas tem suas recompensas. Ainda não consigo viver só da minha arte, mas acho que as coisas estão se encaminhando”, contou.

E então você verá o nascimento do universo em um peixe que tem o Sol como rosto e as constelações como corpo. Ou um cavalo bobo da corte real em um universo místico. E até um bailarino fortão vestido de rosa. Imagens que divertem, mas que também nos fazem questionar os padrões. Afinal, Pogo Art é livre. Seu desenho é expressão máxima da sua liberdade em manusear com diferentes realidades, que estão palpáveis na medida que concretiza seus sonhos em linhas coloridas.

“Na verdade, eu sempre desenhei. Na escola tinha mais desenhos no caderno do que matéria escolar (rs), mas nunca havia pensado em ter isso como profissão. Quando vim para São Paulo, fiz um curso de desenho que melhorou muito minha técnica e fiz um cartaz na loja onde trabalhava para explicar melhor como o local funcionava e fez muito sucesso entre os clientes. A partir daí vi que isso poderia se expandir”, destacou Pogo Fiction.

Sobre o próprio desenho, Pogo conta que sempre foi fascinado por ilustração e comics, e que tudo isso se misturou em sua cabeça para sair de uma maneira diferente. “Bebi de diversas fontes, a maioria já moderna – Mark Ryden, Norman Rockwell, Tarah McPherson, James Jean (o ilustrador, não ator), Joan Cornellà, Ray Caesar, Frank Quitelly, etc. Sempre digo que o meu trabalho é arte contemporânea com uma pitada de pop art e ilustração infantil por terem traços mais simplistas. Só sei o que não é porque tento fugir ao máximo do realista”, acrescentou.

Quanto à inspiração, Pogo Fiction é certeiro: desconstruir para reformular de um jeito não convencional. Então, não se espante se chocar com os desenhos de Pogo Fiction, mas tenha em mente, que nada é ao acaso. Tudo é intencional. E sim, a arte também é feita para chocar.

“Minha paixão por mitologia me ajudou muito nesse processo. Esse amalgama homem/animal sempre me deixou encantado, embora, hoje em dia me inspiro mais em ideias, conceitos e comportamentos para desenhar. Meu processo criativo mudou muito ao longo dos anos. Antes usava a técnica de fazer um traço e dele saía um desenho do nada, não tinha nada na cabeça, era espontâneo e sem um conceito por trás, uma coisa do subconsciente. Depois as imagens começaram a vir na minha cabeça e eu tinha de exteriorizá-las de alguma maneira”, ilustrou.

Mas, Pogo Fiction descobriu além da paixão por desenhar, a diversão em se projetar aquilo que está em mente. “Hoje utilizo um processo muito mais divertido que é adaptar conceitos e ideias em um desenho, é bem mais desafiador e muitas vezes me faz quebrar a cabeça por dias (rs), também gosto quando amigos me mandam ideias, e me mandam todo tipo de coisa, como desenhe um tubarão levando uma água-viva para passear, ou uma minhoca feliz de salto alto ou misturar unicórnios com Laranja Mecânica. Minhas homenagens a minha gata Regina também rendem bons desenhos”, observou.

Sobre as mensagens que resultam de seu processo criativo, Pogo Fiction explica que ‘por mais que você não esteja pensando em nada na hora de criar, aquilo saiu de algum lugar da sua cabeça, algum pensamento que quis estar fora do seu cérebro’. E ainda assim, o artista ressalta que ‘acho chato impor o seu pensamento sobre as pessoas, da mesma forma que gosta de fazer sua própria leitura de uma obra, quer que os outros façam o mesmo com a sua’.

É a maturidade das palavras de Pogo Fiction que mais nos remete à sensação de que entramos em outro universo, em que realmente há alguma liberdade. Afinal, com quase trinta anos, o jovem artista diz coisas como: ‘cada um tem as suas experiências de vida que são totalmente diferentes umas das outras, a partir do momento que você jogou pro mundo seu trabalho, aquilo não é mais seu e sim de quem olhar e quiser parar para pensar sobre aquilo’.

Pogo Fiction destaca as preferências por trabalhos com gêneros, comportamento, sexualidade e religião, que sempre rendem boas ideias. “Fiz vários desenhos com o tema “Discussão sobre gênero, sexualidade e comportamentos”, que propõe pensar um pouco no que é diferente de você e também quer dizer que você não precisa achar bonito ou legal, só respeitar o que não é seu igual”, disse. A Copa também pode ser alvo dos seus desenhos: “talvez uma série que diga para não amar o seu país só na Copa ou só pelo futebol. Esse é um país lindo, com um povo maravilhoso e tenho orgulho de ter sangue negro e indígena correndo em minhas veias”.

Mesmo com todo essa efervescência criativa, Pogo Fiction explica que a vida em São Paulo também não é fácil (talvez não seja fácil em lugar algum), embora a concorrência seja muito maior, as oportunidades também são. “Existem galerias de novos artistas, feiras e um mercado de trabalho para esse tipo de profissional, e sinto que em Mato Grosso, o movimento artista está crescendo, mas é um caminho bem longo a ser percorrido”, concluiu.
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