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Domingo, 28 de abril de 2024

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no sesc arsenal

Viajante do tempo, Carlos Vergara retrata o mundo com olhar contemporâneo na exposição "Experiências de São Miguel das Missões"

Foto: Internet

Exposição Carlos Vergara

Exposição Carlos Vergara

Expor o coração, traduzir a alma, revelar aquilo que desconhecemos, e nos dar um pedaço da história do Brasil, é o que faz o artista Carlos Vergara, que expõe até o dia 21 de dezembro no SESC Arsenal, a série “Viajante – Experiências de São Miguel das Missões”. A obra estabelece um diálogo entre a contemporaneidade de Vergara e as ruínas de São Miguel das Missões, um dos mais importantes sítios arqueológicos do Brasil, no Rio Grande do Sul.

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A conversão de índios pelos jesuítas ganha uma nova roupagem nas cores e na intensidade do artista.
Viajante, assim Carlos Vergara é definido. Um artista que revisita acontecimentos e mescla passado e presente em suas telas. Andarilho do mundo que quer revelar a sutileza e a força, o contraponto, e as contradições, em cores intensas, em toda a sua multiplicidade. Vergara revela o mundo que é naquilo que vê. O que foi se transforma no que é para não deixar de ser nunca.

Ao crítico de arte Luiz Camillo Osório, Vergara afirmou que busca responder a uma recorrente questão: “como viver junto?”. E com seus pincéis sai atrás de respostas próprias que possam contemplar o seu eu artístico. Desnudar a história em novas perspectivas, redescobrir o mundo, reinventá-lo para que possa adquirir novos significados.

“Carlos Vergara é um pintor. Carlos Vergara também é um viajante. Ele viaja para pintar, buscando no deslumbramento do ver pela primeira vez a força motriz da sua poética visual. Daí a intensidade e a multiplicidade. O deslumbramento requer intensidade para que o sobressalto, típico do susto admirado diante do novo e do Outro, não se faça excessivo ao se transpor em obra”, ressalta Osório em um ensaio crítico sobre o artista.

Para Osório, há um mundo e formas de vê-lo e esta apreensão requer sempre criação. O crítico explica que o ‘mundo é o que se vê, junto e para além do que se mostra, um co-nascimento entre quem vê e o que é visto’.

“Pintar a partir da experiência na Missão de São Miguel requer aceitar um ponto de partida e dar-lhe um tratamento poético, de modo a impulsionar o visto para além de si através do ver-fazer da pintura. O que interessa é que não se passa impune por determinados lugares e diante de certos acontecimentos. São Miguel certamente é um deles. O que de fato aconteceu ali? Como visões de mundo tão diferentes – dos jesuítas e dos índios - se puseram em comunhão junto à experiência cristã do sagrado?”, acrescenta em seu ensaio.

Refletir sobre os questionamentos de Osório e se render a intensa da arte de Vergara só será possível ao adquirir os sentidos expostos nas telas densas, rebuscadas e robustas, que revelam mais do que deixam entrever.

A exposição faz parte do projeto ArteSesc, presente em mais de 80 municípios brasileiros e que já realizou mais de 30 mostras de artes visuais em quase todos os estados. Desde o ano passado, a exposição “Viajante...” já passou por estados como Mato Grosso do Sul, Sergipe, Paraíba e Alagoas. Em Mato Grosso, antes de chegar a Cuiabá, a exposição passou pelo Sesc Rondonópolis, em outubro.

Sobre o artista

Carlos Augusto Caminha Vergara dos Santos nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941. Na década de 1950, chegou ao Rio de Janeiro e trabalhou como analista de laboratório; em paralelo, dedicava-se ao artesanato de joias, as quais foram expostas na 7a Bienal Internacional de São Paulo em 1963, ano em que descobriu o desenho e a pintura. Participou, então, das emblemáticas mostras Opinião 65 e 66, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e foi um dos organizadores da mostra Nova Objetividade Brasileira.

Vergara também foi cenógrafo e figurinista de peças teatrais; suas obras dialogavam com o expressionismo e a arte pop. Inseriu a fotografia e os filmes super-8 em sua prática e desenvolveu uma série de trabalhos sobre o carnaval carioca. No âmbito da arquitetura, criou painéis para edifícios com materiais e técnicas do artesanato popular. Na pintura, produziu quadros abstratos geométricos, explorando tramas de losangos em campos cromáticos. A partir de suas diversas viagens pelo Brasil, Vergara ampliou sua técnica por meio do uso de elementos naturais locais, figurando com uma exímia contribuição para a inserção do rico cenário brasileiro no universo das artes plásticas.

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