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Domingo, 28 de abril de 2024

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grata homenagem

Pela vanguarda artística, UFMT concede título de Doutor Honoris Causa a Wlademir Dias-Pino

Foto: Reprodução

Wlademir Dias Pino

Wlademir Dias Pino

Em meio aos tipos, as bobinas de papel e as tintas, é que cresceu o artista Wlademir Dias-Pino, carioca, que morou em Mato Grosso, e revoluciona a arte desde a década de 60. Um dos precursores do poema-processo que surgiu a partir do concretismo, trouxe uma nova percepção artística, abdicou do óbvio, fugiu das linhas retas e sinuosas, se lançou ao desconhecido, criou o inesperado, arte palpável, revolta, reversa, sem amarras, mas com jogos intelectuais que fogem de tudo já imaginado. O artista criou o símbolo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e terá a devida homenagem na próxima terça-feira (10) quando será concedido a ele, o título de Doutor Honoris Causa pela UFMT, às 9h no Centro Cultural da instituição.

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Aos 15 anos já havia lançado um livro. É poeta, é artista visual, é tradutor do sentido e do universo, é tantas coisas que fica difícil encaixá-lo em um padrão, em uma definição. Sua definição será sempre a revolução por ser um dos precursores do poema-processo. “AVE” e “Solida” são suas obras mais conhecidas, até porque, grande parte do seu trabalho não foi divulgado ou publicado, como a “Enciclopédia Visual” que reúne mais de 1001 volumes, e apenas seis foram trazidos ao público. Wlademir desafia o convencionalismo.

É contra o alfabeto, e qualquer tipo de imposições. “A arte no fundo não existe, o homem a vê. É só isso que existe – o ver do homem”, assim tentou ilustrar um pouco daquilo que o move. Sua história é antagônica. Cresceu na gráfica do pai, brincando com os tipos do prelo de impressão, com as formas palpáveis, e as letras que cresciam grandes aos olhos de criança, transformou a sua maneira de ver o mundo, em arte. Mas sempre abdicando daquilo que já existe. “Se a letra O é redonda, eu não posso usar uma cruz para representá-la”, mas ainda assim o faz, e encontra novas maneiras de se reinventar, até no alfabeto.

Mas, sua arte não é para qualquer um. O escritor e jornalista Lorenzo Falcão, que teve a honra de entrevistá-lo na década de 80, e desde então mantém uma relação de mais de 30 anos com o artista, conta que Wlademir é uma figura como poucas. “Ele explicava as coisas na entrevista e dizia: você entendeu? E se não, não tem problema, ele emendou: daqui 15 anos você entende”, e Lorenzo explica que realmente é assim que funciona com Wlademir.

Na vanguarda, na efervescência artística, Wlademir se recolheu e realiza o seu trabalho para si, pois, espalhar a sua arte pelo mundo, é um árduo trabalho, já que tudo dialoga. A sua proposta é que não existe apenas a poesia, existe o poema que é uma de suas formas, e pode existir em todos os lugares, na arquitetura, na matemática, no caos, na desordem, na ordem. E Wlademir transforma tudo isso em arte, mas uma arte que não é para todos. É para poucos.


Livro-poema "AVE"

“Wlademir Dias Pino é uma figura, não somente no sentido figurado da palavra. No sentido mais amplo que a palavra pode alcançar. É um homem que trabalha, compõe, recompõe, poemiza com figuras, formas e cores. A sua palavra é gráfica, pois ele, um homem-gráfico, viveu enfronhado nas gráficas abarrotadas de bobinas de papel, tinta, linotipos, a vida toda. "Eu nasci dentro de uma gráfica"... Bom ponto de partida para começar a entender um pouco sobre sua poesia visual. A arte que vem de Wlademir não é coisa pra se entender tão facilmente, mas é inegável que ela surge com uma estética depurada, delicada, com significados múltiplos e liberta das obviedades complacentes”, assim define Lorenzo no seu entendimento de muitos anos sobre o artista, que não se encaixa e não se define.

Wlademir é tão grande que não cabe em padrões. Seria preciso se desvencilhar de tudo aquilo que se conhece para apreciar algo que não precisa de referências, que apenas é. É arte.

“Wlademir, junto a e escritores e intelectuais da década de 1960, participou da fundação do movimento denominado poema processo e do concretismo. É um homem alinhado com a contemporaneidade. O tempo passa para todos, menos pra ele que tem vitalidade intelectual de um jovem”, conta Lorenzo.

O escritor ainda vai além e garante que Wlademir Dias Pino revolucionou o entendimento das artes. “Seu conceito de arte e sua elaborada produção são mirabolantes e traduzem uma pegada meio científica (sobre a exposição Poemas Matemáticos). Classifico-o como um artista bastante racional, mas autor de uma estética que combina sensibilidade e inspiração. Um artista genial”, acrescenta.

Reconhecido internacionalmente, como o principal poeta visual do mundo, Wlademir Dias Pino rompe com tudo o que se conhece para desvencilhar-se de padrões e imposições. Rompe as barreiras, as fronteiras e ressurge com brilhantes constatações que se traduzem como vierem, seja através da matemática, das imagens, das palavras soltas que se encaixam e formam novos sentidos, da geometria, da arquitetura.

É um artista que de tanta arte que possui, não cabe nestas linhas e em nenhum outro espaço: é infinito como as dimensões que acessa para trazer o seu olhar como homem, singular.
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