Que eu sou uma chorona e manteiga derretida, todo mundo que me conhece pelo menos um pouco sabe. Meus canais lacrimais tem vida própria. Mas o livro O Caminho Para Casa, de Kristin Hannah, me fez chorar litros.
Olha, a autora é pior do que o Nicholas Sparks para fazer a gente chorar. Acho que porque achei a história dela mais real, mais fácil de acontecer na vida de qualquer pessoa. De vez em quando o Nicholas Sparks exagera um pouquinho e deixa tudo Contos de Fadas demais (Não que eu reclame disso, longe de mim!).
Então, O Caminho Para Casa conta a história da família Farraday e de Lexi. Lexi, uma garota que teve uma mãe problemática e viciada em drogas, passou a infância sozinha, indo de um lar adotivo a outro. Até que descobriu ter uma tia avó, a bondosa e idosa Eva, que a acolheu. Pela primeira vez, ela sentiu que tinha uma família.
Logo no primeiro dia de aula, a garota conhece Mia e Zach Farraday, gêmeos com boas condições que sempre tiveram tudo do bom e do melhor, além de uma mãe que é considerada “a melhor do mundo”. Lexie se torna melhor amiga de Mia e Zach vira o seu namorado, então a vida dos três passa a estar mais entrelaçada do que nunca.
A mãe dos gêmeos, Jude, sempre se esforçou para ser a melhor mãe que existe. Participativa, amorosa, presente e brincalhona, tem filhos apaixonados por ela. Mesmo sendo um tanto sufocante na criação deles, o gêmeos nunca foram revoltados ou desobedientes. Quando Lexie entra na vida dos filhos, Jude passa a ser como uma mãe para a garota e eles apenas são completos quanto juntos.
Até que em uma noite, no final do ensino médio, um erro, uma escolha ruim, coloca todo o equilíbrio e a felicidade dos Farraday e de Lexie fora de alcance. O que era luz, vira cinza e a culpa é de todos, um pouco de cada um. A partir daí, a vida deles vira uma questão de perdão, amor, amizade, revolta e, principalmente, família. Cabe a eles encontrar esperança no que sobrou e retomar a vida.
Kristin Hannah escreve de uma maneira sensível sem ser melodramática. Da metade do livro até o final, fiquei chorando em vários momentos e a todo o tempo tive um nó na garganta. Fiquei tão sentida com os acontecimentos que até sonhei com o livro de noite. O que mais dói pensar é que com certeza há muitas famílias que passam por algo parecido, ou mesmo igual, ao que os personagens passam em O Caminho Para Casa.
A leitura flui, voa, e você se sente conectado com os personagens, já que é narrado em terceira pessoa e o leitor passa a ter acesso aos sentimentos, alegrias, angústias e tristezas de todos os envolvidos. Há momentos em que você se apaixona por eles, sente raiva da irracionalidade deles e enjoa da vontade de alguns de ser quase a Madre Teresa de Calcutá. E ter sentimentos conflitantes pelos personagens é algo bom. Mostra que são humanos e que a autora soube construir bem cada um deles.
Não fique achando que O Caminho Para Casa é um livro mulherzinha, água com açúcar, romance ou sofrimento sem fim. É talvez um retrato da realidade que todo mundo que tem coração deveria ler.
Recomendo muito (E tenha lenços ao seu lado, sério).
*A escritora e jornalista Marcela Machado, conhecida por todos como “Teca”, é leitora ávida e apaixonada por livros. Escreve no blog “Casos, Acasos e Livros” e é autora de “I Love New York”, publicado pela editora Novo Século. Teca dá dicas de livros no Olhar Conceito todas as terças. Email de contato: tecamachado@gmail.com