Olhar Conceito

Sexta-feira, 10 de maio de 2024

Notícias | Artes visuais

santa blasfêmia

Justiça de Brasília proíbe artista de fabricar, comercializar ou divulgar seus santos pop

Foto: Reprodução

Justiça de Brasília proíbe artista de fabricar, comercializar ou divulgar seus santos pop
Se Deus é onipresente, onisciente e onipotente, e ainda o único e verdadeiro juiz de nossos atos, a ofensa e a veemência com que religiosos extremistas atacam todo e qualquer utilização bem humorada ou iconoclasta de uma imagem, por mais inocente que seja, é no mínimo incoerente. O último caso se deu em Brasília, contra a artista Ana Smile e sua marca Santa Blasfêmia.


Em fevereiro desse ano a justiça de Goiás proibiu Ana de fabricar e comercializar suas estátuas de gesso estilizadas, misturando a imagem de santas com personagens da cultura pop como a Galinha Pintadinha, Chapolim, Batgirl, Mulher Maravilha e Frida Kahlo. O resultado, tão inocente quanto uma piada colegial, é simpático e bem humorado, mas poderá multar a artista em até 50 mil reais, caso venha a descumprir a ordem judicial.

E os tempos são sombrios de fato, pois além de impedir a artista de realizar sua inocente blasfêmia, a censura exigiu que as páginas da marca no Facebook e no Instagram fossem deletadas, assim como a retirada de produtos de uma loja em Brasília. Ana recebeu ainda ameaças pela internet, com a violência peculiar dos que só dizem que vivem sob os valores cristãos. “Porque você não faz uma santa com a sua cara sendo penetrada?”, dizia uma das mensagens.

É evidente que a intenção da marca não é desafiar ou ofender símbolos religiosos, mas sim observar com humor o aspecto pop e até mesmo comercial que a experiência religiosa cada vez mais possui. Religião é assunto sério e importante, mas de foro individual e íntimo, e não pode ser utilizada como mecanismo de censura e coerção.

Só a liberdade de expressão e o estado laico protegem de fato a liberdade religiosa de forma irrestrita. Basta pensar nos constantes ataques que religiões de matriz africana, ou simplesmente religiões não cristãs sofrem – muitas vezes por parte dos próprios cristãos – para ver que o buraco é mais embaixo, e que tais gestos quase nunca têm a ver com fraternidade, perdão e amor.

Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet