Uma vez por mês, sempre aos sábados, a professora de yoga Bruna Uliana, de 29 anos, abre inscrições para uma prática especial no Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá. Quando morava perto do local, Bruna costumava optar pelo yoga ao ar livre e, no ano passado, decidiu que seria uma boa ideia proporcionar o momento de autoconhecimento e conexão com a natureza para outras pessoas.
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“É muito gostoso por ser de manhã cedinho, o tempo ainda não está tão quente e dá para se conectar com a natureza, receber alguns raios de sol, ouvir os pássaros, o pessoal caminhando ao redor da praça, a criançada brincando no parquinho. É uma energia muito gostosa! A hora da prática passa voando, sempre fico muito feliz e sinto que as pessoas que vão gostam também”.
As aulas acontecem na praça central do Parque Mãe Bonifácia, às 7h, e a taxa de inscrição para participar é de R$ 35. Bruna explica que as práticas são acessíveis e de ritmo leve. Por isso, podem ser feitas por leigos no yoga com tranquilidade, já que a intenção é proporcionar um momento de autocuidado.
“Muitas pessoas estão presentes em quase todas as edições. E também sempre tem alguém que nunca praticou antes, que vê aquele pessoal fazendo yoga e se interessa e vem no mês seguinte. E eu acho uma maneira deliciosa de experimentar um pouquinho dessa prática. É só você, o seu corpo, a sua respiração. Não tem problema se não faz todas as posturas, porque não é sobre isso. É sobre tirar esse tempinho do seu dia só pra você, para se conectar, se dar um carinho”.
As aulas acontecem uma vez por mês, sempre aos sábados, na praça central do Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá. (Foto: Emerson Weber)
Antes de mergulhar nas práticas de yoga, Bruna era jornalista. Ela decidiu pedir demissão do emprego no final de 2019, quando percebeu que a profissão não estava mais trazendo felicidade e satisfação pessoal.
Quando pediu demissão, ela não descartou o jornalismo de início, mas se deu uma pausa para avaliar os caminhos possíveis. No período incerto, ela contou com o apoio dos pais e se profissionalizou ainda mais no yoga.
“A prática física (ásanas) é apenas uma das várias partes do que se chama yoga. Acabei pedindo demissão no finalzinho de 2019, mas ainda pensando em tirar uns meses pra me reorganizar, talvez tentar outra coisa, mas ainda sondando muito as possibilidades dentro da minha área de formação. A transição de carreira não foi planejada. Queria eu que tivesse sido”, brinca.
Em março de 2020, Bruna estava começando a ter alguma noção do caminho que seguiria profissionalmente, mas os planos foram travados pela pandemia da covid-19. A solução mais uma vez surgiu com as práticas de yoga, quando ela decidiu dar aulas gratuitas e virtuais para quem quisesse participar.
“Dava aula para amigos, amigos de amigos, quem fosse chegando. A ideia era aproveitar para treinar o dar aula, que até então eu não tinha experiência e proporcionar um momento de bem estar para a galera que estava trancada em casa lidando com um monte de coisa emocionalmente. Deu super certo e foi aí que comecei a expandir a visão para além do jornalismo e comecei a enxergar um caminho profissional pelo yoga”.
Segura do desejo de se tornar professora de yoga em tempo integral, Bruna montou a primeira turma online e começou a dar aulas presenciais. De lá para cá, nunca mais parou. Para ela, cada vez mais pessoas estão despertando para a urgência de se cuidar do corpo, da mente e do espírito.
“Autoconhecimento nunca esteve tão na moda e existe um motivo pra isso: não somos robôs de produção incessante. Precisamos de uma conexão com algo para trazer sentido pra vida. Precisamos nos movimentar, comer bem, fazer práticas de silêncio, de meditação. Para manter algum equilíbrio, se é que isso existe. Então é um mercado em muita expansão, ainda mais no online”.
“Quando essa visão vem acompanhada de um dharma, um propósito que se finca no servir, em poder contribuir de alguma forma com o bem estar das pessoas e com o processo pessoal delas, é muito recompensador trabalhar com isso”, afirma.
Desde a primeira formação no yoga, em 2019, Bruna não parou mais de estudar sobre as práticas. No ano passado, a professora participou pela segunda formação extensiva, além de inúmeros cursos teóricos, filosóficos, de anatomia ou biomecânica. Bruna se define como alguém que ainda está caminhando no yoga.
Bruna encontrou ferramenta de autoconhecimento e transformou yoga em sua nova forma de sustento financeiro. (Foto: Emerson Weber)
“Com muita coisa a estudar, aprender, desenvolver não só a nível de prática física, mas a nível de conhecimento também. De fora pode não parecer, mas yoga é um universo muito vasto e vivo, que segue movimento com o passar do tempo e principalmente com a popularização no ocidente no último século. Por isso eu só acredito nesse caminho. Um bom professor nunca para de estudar”.
Da primeira prática que fez, em 2017, e que ajudou no longo processo de tratamento contra depressão, até o momento em que se tornou professora de yoga, Bruna passou por inúmeras mudanças no modo de viver.
“Tudo mudou, porque a minha relação comigo mesma mudou. A minha relação com o meu corpo, com a forma como cuido dele, como me movimento, alimento e consumo conteúdos mudou. A forma como me relaciono com os amigos, com a família, com tudo o que é externo a mim também mudou, porque a forma como me relaciono comigo mesma mudou. Acima de tudo, o yoga me aproximou de Deus e da consciência de que estar aqui na Terra é uma experiência divina”.
Além das aulas mensais no Parque Mãe Bonifácia, Bruna também segue com as aulas online em uma plataforma por assinatura, aulas particulares e presenciais no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá.
"Na plataforma os alunos têm acesso às aulas ao vivo toda semana e também a muitas práticas gravadas de todos os estilos, níveis de intensidade e durações, pra caber no dia a dia de cada um. Além disso, também tenho práticas de meditação e respiração, bem como tutoriais de posturas que as alunas pedem".
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