Especialista em reabilitação há mais de 20 anos e professor universitário na Unic, o fisioterapeuta Jean-Pierre Vieira, que atende no bairro Jardim Cuiabá, em Cuiabá, explica que, de mil pessoas, pelo menos nove sofrem com as dores causadas por hérnia de disco. Jean-Pierre trabalha em conjunto com o tratamento médico, feito por um ortopedista, e ressalta que até 90% dos pacientes são reabilitados.
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“Muitas das vezes os pacientes não são bem tratados, e isso pode cronificar. O paciente quando tem uma crise dessa fica com medo de fazer um monte de coisa, não quer mais pegar objetos do chão ou fazer atividade física. E, na verdade, temos que trabalhar para devolver a função durante a reabilitação, para que ele volte a ter qualidade de vida”.
De acordo com o fisioterapeuta, a literatura demonstra que a incidência de hérnia de disco na região cervical é de 18,6 a cada mil pessoas. O tratamento “de primeira linha”, que é recomendado inicialmente, é a junção entre os medicamentos e a fisioterapia.
“Existe um disco entre as vértebras que serve como um amortecedor para a coluna, com o tempo ele pode sofrer algum desgaste, com isso ele pode se deslocar e causar um processo inflamatório e uma compressão de nervos. Acontece muito na região cervical, no pescoço, e na região da lombar”.
Jean-Pierre explica que, em alguns casos, o paciente pode ser submetido a uma cirurgia desnecessária quando o procedimento de aliar fisioterapia e medicamento não é considerado como primeira opção.
“Em 90% dos casos os pacientes melhoram bem. A prevalência do tratamento de primeira linha é muito eficaz. Mas, é claro que existe o paciente que é indicado para cirurgia desde o início do problema. Em casos de perda da força progressiva e dor excruciante, que não melhora com medicamentos e fisioterapia, por exemplo”.
Segundo o fisioterapeuta fatores de risco como tabagismo, sedentarismo e diabetes podem contribuir para o diagnóstico de hérnia de disco. Questões genéticas ou de levantamento de peso também pode influenciar, apesar da segunda não ser a de maior prevalência.
“O que culturalmente as pessoas pensam muito é que o levantamento de peso e traumas tem uma prevalência muito grande, a literatura mostra que 8,5% das pessoas têm hérnia por levantamento de peso, então não é uma prevalência tão grande. Mas, culturalmente, as pessoas pensam que levantar peso é um problema”.
Para os que trabalham sentados durante muitas horas do dia, por exemplo, Jean-Pierre recomenda que a cada 30 ou 40 minutos haja uma mudança de posição. No entanto, o risco dessa pessoa desenvolver hérnia de disco não é 100%, já que existem outros fatores que corroboram para o desgaste.
“Não são todos que desenvolvem isso. Mas o que é importante deixar bem orientado são as pessoas que precisam ter posturas variadas. Se a pessoa trabalha no computador, sentada o dia inteiro, ela precisa mudar seu hábito. Levantar um pouco, ir ao banheiro ou tomar uma água. Ou seja, sair da postura viciosa”.