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Domingo, 28 de abril de 2024

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Di-Nascimento: Ex-professor de educação física lança seu primeiro livro de poesias

Foto: Reprodução

  Di-Nascimento:  Ex-professor de educação física lança seu primeiro livro de poesias
A ânsia poética sempre fez parte de sua vida, embora tenha levado anos para realmente aflorar. Nascido no interior de Mato Grosso, na cidade de Guiratinga, foi desde cedo dedicar-se ao futebol. Aos 14 anos de idade, mudou-se para a cidade do poeta Drummond de Andrade, Itabira, em Minas Gerais, para jogar profissionalmente.

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Paulo Eduardo de Nascimento passou a adolescência, juventude e vida adulta dedicando-se ao futebol. Mas mesmo assim, percebia nuances no cotidiano que despertavam aquele questionamento sobre seu lugar no mundo e sobre a relação do homem com a natureza. Formou-se em educação física na Universidade Federal de Mato Grosso aos 34 anos e passou a atuar como professor da área, onde ganhou o apelido de “professor Paulinho”.

Mas foi só depois de uma lesão grave no joelho, pelo qual teve que ser operado, em 2006, que Paulo Eduardo despertou de forma consciente para a poesia. Devido à cirurgia, não podia andar ou sair muito. Começou a ocupar o tempo escrevendo sobre o que lhe inspirava, incomodava ou fascinava.

Hoje, aos 62 anos, possui mais de trinta cadernos de poesia, editados por ele mesmo e distribuído para colegas e amigos. Mas seu primeiro livro, “Vozes da natureza”, já está pronto, apenas esperando a impressão em uma editora do Rio de Janeiro. Segundo Paulo, o livro deve ficar pronto ainda esta semana.

Agora, ainda mancando e com dificuldades para andar, presta mais atenção ao papel do homem na natureza e no mundo, na relação do ser humano consigo mesmo, dentre outros assuntos que lhe inspiram. O professor Paulinho passou a assinar seus poemas como “Di-Nascimento”.

O poeta sexagenário gosta de escrever sentando em uma padaria perto de casa. O transito de pessoas, suas conversas, jeitos e modos o inspiram, desencadeiam reflexões e pensamentos que coroam seus cadernos e, agora, seu primeiro livro.

Confira alguns poemas do caderno “Leiam Mais”:

"Cabelos Brancos"

Ó tempo! O teu anseio é essa triste bruma
Que, na verdade, carrega um amargo pesadelo
É que pintastes todo de branco o meu cabelo
Igualmente brota do mar a branca espuma

Quando se aproxima o topo a nossa idade
A vida navega cansada de tosco argumento
Exaurida no último estertor do sofrimento
Tola emoção herda da ilusão a vaidade

Meditam, nos outros, os anos assassinos
E rapidamente consomem o abstrato objetivo
Dando-nos um verbo ignóbil e tão passivo

Expostas chagas, rugem os algozes ferinos
Esses perversos, que fazem a vida acontecer
Na insensatez impiedosa de nosso envelhecer

“Eu”

Sou eu esta química severa
Que o passar do tempo altera
Vivendo assim na peregrinação
Sou que, quando pequeno, anjinho
Quando grande, ser mesquinho
Arrotando sempre dono da razão

Sou eu esta vida ilusória
Um vírgula desta história
De circular doação
Sou eu este ser esquisito
Um mundo louco que habito
Que navega a perdição

Sou eu este sol apagado
Que vive no mundo ombrado
A compor a escuridão
Sou eu este barco sem rumo
Que congrega a ingratidão

Sou eu esta surda que escuta
Em travar cruel disputa
Que seqüestra a amplidão
Sou eu este lamento tão forte
Que, do futuro, tenho a morte
Que sustenta a solidão

Sou eu este “ouço” que alego
Esta rude mão negada ao cego
A reprimir seu perdão
Sou eu esta voz que imputa
Este vil filho da puta
Este ser sem coração

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