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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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escrita, foto, vídeo, instalação

Eliete Borges Lopes traz livro inédito que vai à margem da literatura para incorporar novos conceitos

Foto: Rai Reis

Eliete Borges Lopes traz livro inédito que vai à margem da literatura para incorporar novos conceitos
“Dizem que não é você que escolhe a arte é ela que te escolhe, que a arte é um ato de coragem, que o artista é o ser que mais livremente pode viver e se expressar... eu diria que eu gosto do que faço e gosto sobremaneira disso que geralmente ligam à arte, a liberdade”, assim é a voz que ecoa de Eliete Borges Lopes. Escritora, professora, mãe, artista. Autora de Scarlet e o Branco (2012), tem novos caminhos à vista, novas releituras e momentos, que virão à público para tocar: ‘e espero, possa enredar alguém na literatura e nas artes’, torce. NEM PÉS E MIL CABEÇAS é o título do seu novo livro e está previsto para sair neste ano.

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“NEM PÉS E MIL CABEÇAS reúne uma coletânea de grandes fragmentos que escrevo desde quando comecei a fazer Scarlet em 2001. Haverá desdobramentos deste livro e já começo a vislumbrar”, conta a autora ao ressaltar que o foco, agora, é uma pesquisa em literatura marginal, um elo que começou após escrever na coletânea Beatniks, Malditos e Marginais de Wuldson Marcelo e Jana Lauxen.


Rai Reis

E é dentro da parceria criativa que irão surgir novas referências que irão à margem da literatura para incorporar modalidades como foto, vídeo, instalação, que devem dialogar com o conceito do novo livro.

“Assim como tudo que escrevo este é um livro autobiográfico, jamais me atenho a falar de pessoas, acontecimento ou relações “reais”, assim como Scarlet é fruto de um devaneio ainda quase que juvenil, NEM PÉS é fruto de uma longa caminhada de coisas esparsas escritas aqui e acolá”, acrescenta.

Eliete narra sua própria trajetória e visualiza bem o caminho que deve percorrer. “Dar vazão a um processo novo exige coragem, releitura e revisão. Crio muito por desdobramentos e encavalamentos, o que em suma, exige um olhar de estranheza, um olhar que faça aquilo mesmo que você já fez outra coisa, um ‘ser outro’, absolutamente outro. O plano sobre a realidade viva das coisas, um corte no caos, seria uma maneira de ordenar novos processos, mas como fazer isto com a quantidade de dados, sempre e cada vez mais inumeráveis e atualizáveis”, questiona a si própria, pois sabe que é preciso ir até o limite para romper com o que já existe.


Rai Reis

A escritora explica que o novo livro tem uma filiação direta com William Burroughs, mas também, com o que estuda em filosofia, Derrida, e dialoga com a tradição de produção visual incorporada à dança contemporânea.

“Este escrito deve levar pensamentos já bastante amadurecidos à sua radicalidade. É que estou ‘me especializando’, em adaptar o que escrevo. A questão é que os escritos não mudam para atender a uma forma, uma ideia pré-concebida, ditada por mim ou por alguém, sou bastante caprichosa para aceitar uma palavra sequer sendo soprada ao meu ouvido, o que crio não trata disso. O que busco é abranger cada vez mais atividades, modalidades e maneiras de me colocar em movimento, é claro que isso parece bem ao contrário de uma especialidade, por isso as aspas”, destaca.

É a liberdade o que Eliete busca em seus escritos, é desprender-se de suas razões para estar em outro estado de espírito que traga um entendimento poético da vida. E acredita na rebeldia, nos sonhos, para revelar que Drummond a inspira, quando perguntada se é difícil escolher o caminho das pedras (arte). “Havia uma pedra no meio do caminho”, mas em sua estrada, Eliete sabe que irá perpassar todas elas com a leveza e a intensidade que lhes são particulares.
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