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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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insegurança na terra da Copa

Relato da vítima: vão-se os anéis mas ficam olhares frios, o BO e a pedra filosofal

Foto: Reprodução/ Emanuel Vazan

Noite cuiabana

Noite cuiabana

O restaurante é um charme e o bairro, apesar de ser residencial, tem três estabelecimentos que garantem o movimento da rua Filinto Muller. O Tal do Bistrô, com seu conceito sustentável e ambiente romântico, é perfeito para um jantar a dois. O Hookerz bar, ao lado, é a opção para aqueles que querem um ambiente descontraído, um pub agradável para tomar boa cerveja e conversar com os amigos. O Villa Sushi, entre os dois outros restaurantes, também tem um ar de romance, embora muitas famílias freqüentem o local.

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Relativamente isolados, estes três restaurantes e bares são, no entanto, suficientemente bons para que esta região sempre esteja movimentada. Na noite desta quarta-feira (10), optei por um jantar a dois no Tal do Bistrô. Com suas luzes ao longo de todo o recinto, o restaurante é uma casa antiga reformada que, de certa forma, ficou com o mesmo aspecto de seu cardápio: extremamente europeu, mas com um toque regional.


(Restaurante TAL do Bistrô)

O vinho, a “tal” da bruschetta, camarão a milanesa, salada, a famosa sobremesa - o “pediu, gostou”-, a conversa, o bom atendimento: tudo contribuía para que o ânimo fosse elevado e a semana prosseguisse em bom tom. Depois de pagar a conta, resolvemos voltar para casa andando, pois era há menos de um quarteirão de distância e a noite estava agradável. “Eu vou com o livro na mão, porque se nos assaltarem, pelo menos não levam o livro”, foi a primeira coisa que eu disse antes de sair do restaurante. Era a primeira edição do clássico infanto-juvenil “Harry Potter e a pedra filosofal”, de 2001. Se este livro fosse roubado, não teria outro com o mesmo valor simbólico e nem da mesma edição.


(Primeira edição de "Harry Potter e a Pedra Filosofal")

E andando pelo quarteirão, a noite estava realmente agrável. Não estava quente, nem tampouco frio. Pensei em como Cuiabá ainda tem coisas a oferecer aos turistas durante a Copa do Mundo. Uma noite como aquela certamente seria agradável. Mas foi só pensar isto, e um casal de moto parou na esquina. A mulher, com uma blusa justa de malha e saia branca, desceu da garupa enquanto o homem, de camisa azul claro e calça jeans, arrumava algo no veículo. A primeira coisa que passou pela cabeça foi que eles pareciam suspeitos. Mas afinal, eram só mais um casal como nós que estavam aproveitando a noite cuiabana, não? Não há motivos para ideias e medos pré-concebidos. Ah, mas era exatamente isto que aquele casal queria que pensássemos.

Exatamente quando iríamos virar a esquina, passando assim pelo casal, ouvimos “Aliança, alguma coisa da aliança”. Era o homem que falava. Pensei que ele estivesse falando com a mulher, mas, olhando melhor e vendo a pistola apontada na minha direção, talvez o assunto fosse comigo mesmo. O assalto foi padrão: Passar os celulares, derrubar todos os pertences da bolsa no chão, ser questionado sobre o dinheiro e as jóias, sair andando de costas enquanto “o elemento” levava o que lhe era de interesse e fugia com a mulher.


(Foto: Ilustração/ Ricardo Yamamoto)

Tenho que fazer uma pausa aqui para focar em um detalhe: Durante todo o assalto, a mulher ficou parada ao lado da moto com a mão na cintura, olhando com uma expressão vazia. Embora estivesse escuro e o susto não permitisse captar todos os detalhes com a precisão desejada, dava para ver que ela não achava aquilo errado, não achava certo. Na verdade, ela não achava nada. Era mera ferramenta para fazer com que o assalto passasse despercebido. Esta, na minha opinião, foi a parte mais triste de todo o ocorrido.

Sem dinheiro em espécie, sem jóias e somente com livros e cadernos “velhos”, a única perda material foram três celulares e um anel sem valor comercial, mas que tinha significado afetivo. A primeira edição de Harry Potter, por sorte, não tinha valor nenhum para “o elemento” e não foi levado. Ao registrar o boletim de ocorrência, o plantonista da Delegacia de Roubos e Furtos nem precisou de uma descrição do assalto: Sem ouvir o relato todo, já sabia como tinha sido. Aparentemente estas ações criminosas agora ocorrem em pares para não chamarem atenção.


(Avenida Filinto Muller)

Para aqueles que precisam dos detalhes técnicos: O assalto foi no Bairro Duque de Caxias II, às 23h, próximo ao núcleo de restaurantes da Filinto Muller. Se este jantar tivesse acontecido em algumas cidades mais estruturadas, como na Europa, no dia seguinte teríamos um poema. Se tivesse acontecido em São Paulo, teríamos um caso de latrocínio (Roubo seguido de morte). Como é Cuiabá, ainda tivemos “a sorte” de amanhecer com um Boletim de Ocorrência, que será arquivado.

Recorrente

Este tipo de assalto feito por um casal é a nova “tendência” das ações criminosas. Na quinta-feira (03) passada, a mãe da jornalista do Olhar Direto, Katiana Pereira, foi abordada da mesma forma. Um homem e uma mulher a pararam enquanto ela buscava a neta na aula de inglês, as 19h30, próximo a Avenida do CPA, e levaram os objetos de valor. Quando foram à delegacia registrar o Boletim de Ocorrência, o plantonista informou que três assaltos iguais àquele já haviam ocorrido no mesmo dia.


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