As praças de qualquer lugar têm vida própria. Principalmente quando localizadas em pontos de alta circulação, como é o caso da Praça Alencastro, no centro de Cuiabá. Lá, vemos pessoas de todos os jeitos, de todas as classes, cores, gostos, educadas ou não. E no meio dos traseuntes, temos aqueles que não estão de passagem, mas que estão ali com um propósito: Colorir o cinza cotidiano com um pouco de arte. Este é o caso do músico Ricardo Moraes.
No entanto, a profissão de Ricardo – artista de rua – está ameaçada. A Prefeitura de Cuiabá, por meio da Lei Geral da Copa, quer passar um “pente fino” na cidade, ou nas palavras do próprio governo, “organizar a capital para a chegada do Mundial” (clique AQUI). Esta ação é direcionada principalmente para os vendedores ambulantes, que deverão ser realocados. Estabelecimentos comerciais que ocupem as calçadas com cadeiras e mesas também passarão pela fiscalização. Mas o músico Ricardo Moraes, que não se encaixa em nenhuma destas categorias, também foi intimado a se retirar da Praça Alencastro.
Na quarta-feira (28) de manhã, os fiscais da prefeitura estavam na praça e pediram para que Ricardo se retirasse do local. Acostumado com este tipo de situação, o músico recusou-se a sair. Ele deitou sobre seus instrumentos e teve apoio popular. Isto porque as pessoas que passam cotidianamente pela praça vêem Ricardo ali todos os dias. O músico toca há três meses no local.
Os fiscais, devido ao apoio popular que Ricardo recebeu, orientaram o músico a buscar uma licença para tocar na praça. O documento, no entanto, deu permissão para que ele ficasse somente até este sábado (31), com horário marcado: Das 8h às 20h. Depois disto, Ricardo deve se retirar do espaço público. Caso desobedeça a autorização, o músico está sujeito a detenção e ter seus instrumentos apreendidos. Caso resista, poderá ser encaminhado pela polícia a uma delegacia.
Durante o final de semana, Ricardo tocará no Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães. “O artista vai onde o povo está, não é?”. Mas já na segunda-feira (02) pretende estar no seu ponto de sempre, embaixo de uma árvore, tocando seus instrumentos reciclados. “Estou preparado para fazer greve de fome, lutar pela arte de rua. Eu não sou ilegal, não estou comerciando nada. Pelo contrário, estou compartilhando minha música em um espaço público”, disse ao Olhar Conceito.
Conheça Ricardo Moraes
O Olhar Conceito foi conversar com Ricardo Moraes de forma a conhecer o trabalho do músico. Veja o vídeo da TV Conceito e saiba um pouco mais da história deste artista de rua:
(Vídeo por Isabela Mercuri. Você também pode assisti-lo clicando AQUI)
O que diz a Secretaria Municipal de Meio Ambiente
A coordenadora da fiscalização nas praças, Mauricéia Conceição Mendes Meira, da Secretaria de Meio Ambiente e Assuntos Fundiários, afirma que não esteve presente no local na hora do ocorrido, mas que Ricardo provavelmente foi autuado por desacato a autoridade.
Quando informada da licença de quatro dias que Ricardo tirou para permanecer na praça, Mauricéia afirmou que esta é uma forma de prefeitura saber quem fica no local. “Já pensou se todo mundo que quisesse fazer uma manifestação artística na praça fosse ao mesmo tempo?”, questionou.
Mauricéia também pontuou que qualquer dano ao patrimônio público é responsabilidade da prefeitura e que, por meio da autorização, o governo municipal fica ciente de quem está circulando pela praça.
A servidora ficou de marcar uma reunião com a reportagem do Olhar Direto e o secretário municipal de Meio Ambiente para discutir o assunto mais detalhadamente. O secretário municipal de cultura, Alberto Machado, também ficou de se inteirar do assunto e dar uma resposta ao Olhar Direto. Ató o fechamento da matéria, nenhum pronunciamento oficial havia sido feito. A licença do artista vence amanhã (sábado, 31 de maio).
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