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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

Notícias | Literatura

Escritor moçambicano Mia Couto ganha prêmio Camões

Biólogo por profissão, o moçambicano Mia Couto costuma dizer que a escrita é uma casa que visita. Portanto, não é escritor - está escritor. Essas visitas têm ocorrido com frequência há exatos 30 anos, quando estreou na literatura com um livro de poemas. Não insistiu no gênero, mas levou a linguagem poética para tudo o que escreveu desde então: Terra Sonâmbula, O Último Voo do Flamingo, O Outro Pé da Sereia, entre outras duas dezenas de títulos.

Foram vários prêmios em sua carreira de escritor-biólogo, mas nenhum tão importante como o anunciado no final da tarde de ontem (27). Aos 57 anos, ele venceu, por unanimidade, o Camões, o mais prestigioso da língua portuguesa e que foi instituído por Portugal e Brasil em 1989 para premiar autores que contribuem para a projeção da língua portuguesa. Mia ganhou 100 mil euros, como o brasileiro Dalton Trevisan ganhou no ano passado e o português Manuel António Pina no anterior.

Era esperado que um africano vencesse agora e o nome de Mia, que acaba de lançar Cada Homem é Uma Raça (Companhia das Letras), de contos, era o favorito.

À Agência Lusa, ele disse que ontem (27) seria um dia normal, que iria apenas jantar e se desligar do mundo quando foi surpreendido pela notícia. Ficou feliz, claro.

"A escolha não foi difícil. Mia é um autor que ao longo destes anos soube inovar estilisticamente e influenciou escritores em Portugal e no Brasil. Ao mesmo tempo, ele tem uma grande atenção pelas pessoas que estão à margem e pela natureza", disse o angolano José Eduardo Agualusa, membro do júri que ontem se reuniu no Rio de Janeiro. Ao lado dele, os brasileiros Alberto da Costa e Silva e Alcir Pécora e os portugueses João Paulo Borges Coelho, José Carlos Vasconcelos e Clara Crabbé Rocha.

"Sua obra ficcional é caracterizada por uma profunda humanidade e por uma grande inovação estilística. É um autor que está traduzido em cerca de 30 línguas, que tem uma ampla fortuna crítica e uma obra que ultrapassou há muito as fronteiras moçambicanas", justificou Clara Rocha, professora aposentada da Universidade Nova de Lisboa e filha de Miguel Torga, o primeiro vencedor do prêmio.
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