Olhar Conceito

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias | Política Cultural

“Quadrilhão” faz 3 mil pessoas dançarem nas ruas do Recife

Cerca de 3 mil integrantes de 40 quadrilhas juninas desfilaram na noite desta terça-feira pelas ruas centrais do Recife durante a oitava edição do Quadrilhão – evento apoiado pela prefeitura local que serve de aquecimento para o Festival de Quadrilhas Juninas da capital pernambucana, cujas eliminatórias se iniciam no dia 22 de junho. Os participantes foram acompanhados por oito trios de forró pé-de-serra e duas forroviocas -trios elétricos especialmente adaptados para o São João.

O mix de tradição e modernidade funcionou como atrativo para milhares de jovens da periferia do Recife. No desfile do Quadrilhão, eles formaram a maioria, dividindo coreografias com outro segmento beneficiado pelos novos tempos: o dos homossexuais. Este ano, a Quadrilha Tradição trouxe, para os concursos realizados no Grande Recife, o primeiro beijo gay na cerimônia de casamento. A partir do próximo sábado, será a vez da capital conhecer a novidade no seu Festival de Quadrilhas.

A modernidade, no entanto, demorou para conseguir seu espaço nas tradicionais quadrilhas do São João nordestino. Desde o início dos anos 90, no entanto, está em curso um processo de transformação que atualizou suas características básicas para um perfil mais urbano. Um dos responsáveis por essa pequena revolução é o coreógrafo Mika Silva, homenageado oficial, junto com o cantor e compositor Maciel Melo, do São João do Recife. “Quando comecei, em 1992, meu objetivo era trazer outros elementos da cultura popular para as quadrilhas, e também deixar as coisas com um ar mais profissional. Eu queria sintetizar o percurso do matuto que saiu da roça e agora vive na cidade grande”, contou Silva.

O novo formato enfrentou resistência de início: “lutei contra muitos preconceitos. As noivas, por exemplo, eram sempre brancas. Fui o primeiro a colocar uma negra nesse papel”. A modernização, no entanto, buscou preservar os elementos básicos da quadrilha. Cada apresentação tem que contar com uma série de coreografias e personagens tradicionais, e o enredo sempre gira em torno de um casamento. Segundo o coreógrafo Phelipe Alves, da Dona Matuta, “os ensaios costumam durar quase seis meses e o tema de cada ciclo é discutido coletivamente com o marcador, o figurinista e outros profissionais da cadeia produtiva do ciclo junino".
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet