Olhar Conceito

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias | Turismo

cavalgada pelo pasto alagado

Período com menos turistas no Pantanal é época da natureza exuberante e de ser “peão por um dia”

Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito

Período com menos turistas no Pantanal é época da natureza exuberante e de ser “peão por um dia”
Quando a água chega, o turista sai. No Pantanal é maios ou menos assim. Quem procura na internet uma dica de quando conhecer a maior planície temporariamente inundável do mundo encontra a velha máxima: vá entre maio e setembro, período da seca, em que o calor dá uma trégua e é mais fácil observar os animais. Mas o momento das águas também guarda seus atrativos. É quando a vegetação exuberante se sobrepuja ao encantamento provocado pelos animais. Como se a beleza não bastasse, a planície alagada reflete a paisagem, numa simetria que nunca se repete, e se altera a cada movimento do sol.

Leia também:
Depois de viajar por cinco meses, ingleses se surpreendem com o Pantanal e comparam experiência ao safári na África

É neste ambiente que uma experiência única pode ser desfrutada pelo visitante. A cavalgada no Cavalo Pantaneiro, em áreas secas e alagadas. Olhar Conceito participou, junto a um grupo de ingleses, no último final de semana, da atividade, que começou no meio da tarde para se encerrar antes de o sol se por, ao longo de cerca de duas horas, sob a condução de dois guias. As variações da cor do céu do Pantanal, que se avermelha com o passar do tempo, mudando de tonalidade, acaricia a retina pelo trajeto. O vento que corta o rosto e o barulho das pegadas ajudam a compor o cenário de interação com o ambiente. Por alguns instantes não se é mais turista ou estrangeiro observando a paisagem. A fantasia se torna real. Sé é pantaneiro.


Foto: Isabela Mercuri

A saída foi feita do Haras Bafo da Onça, ao lado da pousada Araras Eco Lodge, onde o grupo de turistas estava hospedado. Os cavalos mansos dão segurança para quem fará sua primeira cavalgada. Os guias ajudam com as dicas de condução dos animais e puxam a tropa, fazendo do trajeto uma atividade tranqüila. Mas não confunda tranquilidade com tédio. A cavalgada permite passar por trechos em que carros não circulam, próximo de outros animais, observando pássaros com a orientação dos guias. Mas o ponto alto do passeio é a passagem por trechos alagados.

Antes de iniciar a montaria, uma das instruções é de que o cavalo passará por áreas alagadas, então cuidado com o que carrega nos bolsos. Não se vai para o trecho alagado de cara. Primeiro a condução é feita por um caminho seco, em que os turistas vão ganhando mais confiança no animal. A docilidade dos cavalos facilita que homem e bicho já estejam em simbiose na hora de encarar o alagado. O cavalo que puxa a fila, conduzido pelo guia, rasga o espelho d’água que se forma no chão, quebrando com ondulações a simetria da paisagem, e criando uma imagem surreal do céu ali refletido.


Foto: Isabela Mercuri

Antes de entrar de vez na água, uma breve pausa e o alerta de que chegou o momento mais esperado. Não pare o cavalo na água mais profunda, alerta o guia. Dá um pouco de medo, mas é prazeroso encarar sobre o animal a água morna, que sobe as pernas e deixa o bicho apenas com a cabeça para fora. É perceptível a carga extra de força feita pelo quadrúpede para atravessar a água. Após este trecho, a cavalgada se torna mais revigorante, mas a atividade já se encaminha para o fim.

Cavalo Pantaneiro

Os animais que atendem os turistas no Haras Bafo da Onça são cuidados pelo peão Gonçalo Batista da Silva, 48 anos, nascido e criado no Pantanal. Ele conta que o Cavalo Pantaneiro é mais difícil de domar porque é mais ligeiro e mais perigoso se comparado, por exemplo, com o Quarto de Milha.


Peão Gonçalo Batista da Silva. Foto: Isabela Mercuri

A cavalgada é uma mostra para o turista do que é a vida no Pantanal. Todo ano, o gado precisa ser levado para pontos mais altos durante o período de chuva e trazido de volta na seca. A raça é fundamental no manejo do gado. Com o alagamento do Pantanal, o transporte dos bovinos por meio de comitiva é opção viável para os criadores.

Gonçalo, no último domingo, estava se preparando para “subir” o gado quando encontrou a reportagem. “Estamos separando as paridas das solteiras. As paridas ficam onde têm menos água e tem o pasto plantado. As outras ficam com pasto nativo. Todo ano tem que fazer esse caminho. Ano passado no começo de fevereiro, já tinha feito tudo isso. Esse ano está bem seco ainda”, comentou antes de seguir seu trabalho duro. Só para lembrar que ser peão pantaneiro é muito mais do que passeio para inglês ver.


Foto: Isabela Mercuri

Olhar Conceito participou do passeio a convite do Araras Eco Lodge. Mais informações no site da pousada (aqui) ou na página do Haras Bafo da Onça (aqui).
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet